sexta-feira, 24 de abril de 2015

JULIO VERNE: RECORDAR É VIVER...

"As runas - continuou - eram caracteres de escrita empregados outrora na Islândia, que, de acordo com a tradição, foram inventados pelo próprio Odin! Olhe, admire, ímpio, esses tipos procedentes da imaginação de um deus! "

(Dr. Lidenbrock para Axel):


"öx.ö,l,ööh öhö,tntö ö,ör:rrlblö
h dThh'YP ntö.Y.Ylö'F!ö ITbööö
T! 1ö' I ötö t11öÞ YT öh ö Ibö ö1ö
öTn öö ö, . I, h Y,ö r ö
r r b ,öör I .r .r n T n r F ö,ö t,T n
bTö Iö r kh.öI Bk YtbIlI"



Texto vertido ao latim:

"messunkaSenrA.icefdoK.segnittamurtn:
erertserrette, rotaivsadua, ednecsedsadne
lacartniiiluJsiratracSarbmutabiledmek
meretarcsilucoYsleffenSnl"


Que, lido ao contrário, revela:

"In Sneffeis Yoculis craterem kem delibat
umbra Scartaris Julii intra calendas descende,
audas viator, et terrestre centrum attinges.
Kod feci.

Arne Saknussemm."


TRADUÇÃO:

"Desça à cratera de Yocul do
Sneffels, que a sombra do Scartaris vem
acariciar antes das calendas de julho,
viajante audacioso, e chegarás
ao centro da Terra. Foi o que fiz.

Arne Saknussemm."


Viagem ao centro da Terra é narrada por Axel, um jovem alemão, sobrinho de um ilustre geólogo da altura, o Dr. Otto Lidenbrock. Que realizaram uma grandiosa viagem às profundezas subterrâneas do nosso planeta.
No ano de 1863, pleno século XIX, o Dr. Lidenbrock, professor, geólogo alemão, depois de ter encontrado um manuscrito, escrito em código, de um antigo alquimista islandês do século XVI, e de o ter decifrado, descobriu que este foi ao centro da Terra. Querendo também realizar tal feito “impossível”, ele e o seu sobrinho Axel, partiram para a Islândia com o intuito de penetrar no interior da crosta terrestre e chegar ao centro da Terra, como vinha referido no misterioso manuscrito, a entrada para o interior da Terra era feita a partir de uma cratera de um vulcão na região ocidental da ilha da Islândia, o Sneffels. Depois de chegada à Islândia, o Dr. Lidenbrock contratou um caçador islandês, Hans, para servir de guia até ao vulcão e de ajudante na sua longa jornada no interior da Terra. Já abaixo da superfície terrestre, estes três homens desceram corredores e galerias, passando por vários obstáculos e peripécias, como por exemplo falta de água, andaram perdidos, Axel perdeu-se do grupo, entre outras... Até que chegaram a uma galeria de dimensões colossais que continha no seu interior um oceano, ilhas, nuvens, e até mesmo luz, gerada por um fenômeno eléctrico desconhecido. Para além destas características ainda possuía outra, mais chocante, existia vida naquele mundo paralelo ao mundo superficial, vida que na superfície era considerada já extinta há muitos milhares de anos, que ia desde dinossauros ao homem das cavernas. Tudo isto a milhares de metros de profundidade, os três exploradores tiveram de construir uma jangada para viajar naquele oceano que parecia não ter fim. Resistiram a uma tempestade de vários dias que os levou à margem oposta do oceano, onde encontraram a passagem para o centro da Terra, mas estava bloqueada por um desabamento de terras recente. Hans colocou pólvora em torno da passagem e explodiu com o obstáculo, mas essa explosão foi de tal ordem que fez com que a jangada onde os três estavam fosse puxada para uma chaminé de um vulcão, em consequência de uma erupção foram expelidos para a superfície terrestre. Quando estabeleceram contacto com os habitantes locais, descobriram que tinham saído no vulcão Stromboli, localizado a norte da Sicília. Ou seja, percorreram mais de 5000Km, nesse mundo paralelo.
Na década de 50 foi filmado com James Mason como protagonista.

Obtido em "http://pt.wikipedia.org/wiki/Voyage_au_centre_de_la_Terre"

COINCIDÊNCIA NÃO: SINCRONICIDADE!

A SINCRONICIDADE

Há muito tempo tenho vontade de escrever sobre esse assunto. Diz respeito àquelas coisas que acontecem em nossas vidas, sem que estejamos esperando, mas que vem exatamente a calhar e que não podem ser consideradas meras coincidências ou simplesmente "obras do destino". Acontece que, creio piamente nisso, estamos sempre emitindo ondas para a frente, que magneticamente atraem situações que se vislumbram como verdadeiras e providenciais soluções para problemas inesperados, alguns aparentemente insolúveis. É algo meio mágico, e muito relacionado com as frequencias entre as pessoas, que parecem sintonizar no mesmo canal, digamos assim, nas horas mais inusitadas. Tipo, você fura um pneu do seu carro numa estrada deserta e eis que surge um amigo seu na próxima curva e o reconhece, e, claro, o ajuda. É mais do que sorte -logo em seguida a um "azar":
É magia pura.

Sincronicidade é um conceito desenvolvido por Carl Gustav Jung para definir acontecimentos que se relacionam não por relação causal mas por relação de significado. A sincronicidade é também chamada por Jung de "coincidência significativa".

O termo Sincronicidade foi utilizado pela primeira vez em publicações científicas em 1929, porém C.G.Jung demorou ainda mais 21 anos para acabar o livro "SINCRONICIDADE: UM PRINCÍPIO DE CONEXÕES ACAUSAIS", onde expõe o conceito e propõe o início da discussão do assunto. Um de seus últimos livros e segundo ele o de elaboração mais demorada devido a complexidade do tema e da impossibilidade de reprodução dos eventos em ambiente controlado.

Basicamente, é a experiência de se ter dois (ou mais) eventos que coincidem de uma maneira que seja significativa para a pessoa (ou pessoas) que vivenciaram essa "coincidência significativa", onde esse significado sugere um padrão subjacente.

A sincronicidade difere da coincidência, pois não implica somente na aleatoriedade das circunstâncias, mas sim num padrão subjacente ou dinâmico que é expresso através de eventos ou relações significativos. Foi um princípio que Jung sentiu abrangido seus conceitos de Arquétipo e Inconsciente coletivo.

Acredita-se que a sincronicidade é reveladora e necessita de uma compreensão, essa compreensão poderia surgir espontaneamente, sem nenhum raciocínio lógico. A esse tipo de compreensão instantânea Jung dava o nome de "insight".

Jung afirmava que temos quatro funções básicas: razão, emoção, sensação e intuição. No nosso ser, geralmente uma delas é predominante. Mas quando trabalhamos internamente estas funções na direção do equilíbrio, uma nova função é acrescentada: a sincronicidade.


OUTROS EXEMPLOS:

Um exemplo bem conhecido de sincronicidade, é uma história real do escritor francês Émile Deschamps. Em 1805, Émile foi recebido com um pudim de ameixas pelo desconhecido Monsieur de Fontgibu.

Cerca de dez anos depois, ele encontrou pudim de ameixas no menu de um restaurante em Paris, e fez o pedido, mas o garçon lhe disse que o último pudim já fora servido à outro cliente, o qual seria M. de Fontgibu.

Alguns anos depois, em 1832, Émile Deschamps estava num jantar, e mais uma vez, foi oferecido pudim de ameixas à mesa. O escritor recordou do incidente anterior e contou à seus amigos que somente M. de Fontgibu faltava ao recinto para se fazer completa outra coincidência - e no mesmo instante, agora mais velho, M. de Fontgibu adentrou ao recinto.

Reproduzo, a propósito, um sintético e esclarecedor artigo:


"Atenção, Intenção, Intuição e Sincronicidade

Muitos de nós já devem ter percebido que, em certos momentos de nossas vidas, algum acontecimento ocorreu no local certo, no momento certo. Pode ter sido o encontro para o início de um grande relacionamento, a pessoa que o indicou para seu atual trabalho ou o livro que você ganhou de presente que o fez refletir sobre sua vida. Se refletirmos com um pouco mais de profundidade, nos conscientizaremos que absolutamente tudo que aconteceu em nossa vida e todas as escolhas que fizemos no passado são responsáveis pela nossa atual situação.

De acordo com psicanalista e psiquiatra Carl Gustav Jung, criador do termo sincronicidade, este acontecimento está presente em toda nossa vida, porém é preciso ter consciência sobre ela para que se manifeste a nosso favor, e assim, possamos fazer a melhor escolha.

Somos capazes de perceber a sincronicidade quando colocamos a nossa atenção em tudo o que fazemos. Através desta atenção, expandimos nossa percepção e entramos num estado de tranqüilidade, de paz interior e de receptividade. Manter um pensamento positivo e estar bem consigo mesmo são essenciais para perceber sincronicidades favoráveis ao nosso desenvolvimento.

A atenção é importante porque é através dela que podemos perceber como a sincronicidade está atuando em nós. É ela a responsável pela conexão com a Vida.

Já a intuição é nossa capacidade de perceber e sentir o que é certo para nós. É a voz do coração. É a sensação de que tal caminho é melhor que o outro em determinada situação.

Há diferentes níveis e qualidades de sincronicidades. Há sincronicidades das mais banais até aquelas que podem mudar completamente sua vida. Percebo que elas ocorrem a partir do estado interno e da intenção da pessoa. Quando temos uma intenção com relação à determinado assunto, é natural que nós também aumentemos nossa atenção para tal. Por exemplo, quando você tem a intenção de comprar determinado carro, pode ser que você comece a perceber carros idênticos ou semelhantes ao que você quer comprar à sua volta. Na verdade, eles já estavam lá. Apenas a sua atenção foi influenciada pela sua intenção de comprar o carro. Já o estado interno determina a qualidade das sincronicidades. Se você está desesperado ou agitado, sua atenção se volta para situações semelhantes e você tende a perceber sincronicidades com esta mesma qualidade.

Por isso, é importante primeiro voltar a atenção para si e perceber qual o estado interno que está presente em seu interior. E quando conseguir alcançar este estado de presença e serenidade, experimente olhar ao seu redor perceber as situações que estão acontecendo. Deste estado você saberá o que fazer. Isso em si, já é um processo de auto-conhecimento.

A atenção ajuda a desenvolver a intuição e com a prática deste estado interno você será capaz de perceber cada vez mais sincronicidades que poderão levá-lo adiante em sua vida. Um ótimo exemplo de sincronicidade é o próprio fato de você estar lendo este artigo agora. Pode ser que você não tenha tido consciência até agora de como chegou até aqui, mas com certeza a sua atenção, a sua energia da intenção de se desenvolver e a sua própria intuição fizeram com que neste momento você se encontre aqui.

Espero que você possa, a partir de hoje, prestar mais atenção em sua vida e nas coisas que acontecem ao seu redor, mantendo firme a intenção no seu crescimento e desenvolvimento pessoal como um todo."

Autor: Saulo Nagamori Fong

Instituto União

http://www.institutouniao.com.br

(Autorizado a reprodução em qualquer meio ou mídia desde que publicado na íntegra e com citação integral da fonte conforme o modelo acima.)

Finalmente, o seguinte artigo arremata magistralmente o assunto:

"QUEM FAZ O AZAR"

"De repente, começa a chover em sua horta. A vida se torna uma
inesperada e deliciosa cadeia de coincidências
felizes. Ou então, pelo contrário, uma incômoda seqüência de
azares: você bate o carro, tromba nos amigos,
se arrebenta no trabalho. Má vontade do destino? Dentro de uma
visão Junguiana de coincidência, há uma forma de viver que dá sorte. E outra que atrai os desastres..."-


Por Doucy Douek

Coincidência ou fenômeno?

A vida parece que está cheia de coincidências. Você está pensando numa pessoa e, de repente ela aparece. Está falando do vizinho e justo ele telefona. Ou então encontra, por um tremendo acaso aquela pessoa que daí para a frente vai ser fundamental estar em sua vida. Essas estranhas coincidências às vezes se revelam positivas e você considera-se num período de sorte. E às vezes parece que tudo anda contra, é uma desgraça atrás da outra - um tempo de azar. E tanto a sorte como o azar são logo atribuídos ao destino, amigo ou cruel, como se entre o seu estado
interior e os acontecimentos externos, bons ou maus, não pudesse haver nenhuma relação.
Ao estudar as coincidências, Jung chegou a conclusão de que elas não são tão casuais como parecem, e deu ao fenômeno o nome de sincronicidade. A principal característica da sincronicidade seria uma significativa relação entre uma vivência interior e um evento exterior: penso numa pessoa e ela telefona. Certa vez, uma paciente de Jung estava contando um sonho em que aparecia um escaravelho, justo naquele momento um escaravelho começou a esvoaçar contra a vidraça.
E daí para a frente começou a pesquisar em profundidade o fenômeno da coincidência - ou sincronicidade.

Entendendo a sincronicidade

Para ele existe a sincronicidade cada vez que um fenômeno acontece dentro de uma pessoa e fora dela ao mesmo tempo e sem nenhuma ligação lógica aparente. Na sincronicidade portanto, o interior e o exterior como que se combinam para formar um acontecimento. Aliás, essa intrigante troca de energias entre o mundo subjetivo e o mundo objetivo é confirmada pela física moderna, melhor dizendo pelas descobertas da física quântica. Hoje, os físicos sabem da interferência do observador na observação do fenômeno com o qual está trabalhando, até então no modelo mais antigo de ciência, acreditava-se em uma observação totalmente objetiva sem nenhuma interferência do observador. Sabe-se hoje que o tomar consciência de algo seria assim , um poderoso ato criativo no qual a realidade objetiva e a subjetiva se combinam para formar um evento. Dentro dessa visão, não seria de todo infundada a crença popular no mau olhado capaz de secar flores e afetar o crescimento das plantas.
O fato é que uma intensa energia parece existir entre nosso psiquismo e o mundo à nossa volta. Do ponto de vista fenomenológico, nenhum acontecimento pode ser isolado do contínuo de energia que abrange toda a realidade. Qualquer evento, em qualquer nível, em qualquer lugar, é influenciado e influencia o mais. O tempo inteiro você está vivendo energias ou dinamismo que de a1guma forma se exteriorizam e mobilizam outras. Estamos todos como que dentro do mesmo oceano energético e trocas de energia são intrínsecas à própria vida.
A experiência clínica nos mostra, por exemplo, que quem se encontra num processo de autodestruição sempre acha uma maneira de exteriorizar isso. Batendo o carro, por exemplo, criando uma doença. O próprio desequilíbrio energético entre duas pessoas termina se manifestando.

O QUE VOCÊ QUER. E O QUE PENSA QUE QUER.

À luz da teoria da sincronicidade, fica sempre muito relativo falar em mera coincidência, puro acaso. Correto seria dizer que de alguma maneira produzimos energias tanto para nossas melhores coincidências como para nossas piores ações. E aquilo que chamamos de sorte ou azar está mais ligado ao nosso estado interior do que a um destino caprichoso sem rosto.
A concepção Junguiana de sincronicidade é de que, mediante uma silenciosa e misteriosa troca de energias, nosso estado interior está ativamente ligado a objetos e acontecimentos à nossa volta. Mas é preciso entender bem o que Jung considera sincronicidade. Não se trata por exemplo, de relações de causa e efeito entre o mundo subjetivo e o objetivo. As relações de causa e efeito apenas produzem o que poderíamos chamar de fenômenos normais. Como quando alguém diz: eu estava falando da alta do dólar e de repente o preço dos importados tinha aumentado. Ora, num tempo de alta flutuação cambial, é perfeitamente lógico que um dos efeitos seja o aumento dos importados. Escrever para um amigo e receber a resposta é muito diferente de apenas acordar pensando muito nele e à tarde receber outra carta. A sincronicidade é sempre uma coincidência acausal. Ela é o encontro de duas cadeias paralelas de causa e efeito. O acontecimento exterior vem sempre reforçar, ilustrar. ampliar uma busca interna marcante. No caso da paciente de Jung, o escaravelho na janela veio reforçar o desejo que aquela mulher tinha de entender o significado lógico e racional da presença do inseto em seu sonho. Jung viu neste caso um fenômeno de sincronicidade - fato interior gerando um fato exterior. Tanto que abriu a janela, pegou o inseto e disse: eis o seu escaravelho. Ele era o símbolo vivo de que aquela mulher devia despertar para vivências de dimensões da realidade que estão fora da lógica, do tempo e do espaço. Longe de ser uma pura relação de causa e efeito, tipo aumento do dólar aumento dos importados, a sincronicidade significa uma vivência ilógica, muda, secreta, pessoal. Muitas vezes decisiva, mas difícil de ser percebida em sua totalidade no momento que acontece. Só de um outro ponto de vista pode ser integralmente compreendida, assimilada, contada. As vezes é preciso até viver muitos anos para, olhando o passado, dizer: como aquele fato, aquele dia foi importante, a vida inteira parece que só me preparei para ele.

Como aprender a ter sorte?

Preparar-se para sincronicidades felizes. Aprender a ter sorte. Será isso possível? Como mobilizar energia para que a grande rede da vida se teça a nosso favor, para que o mundo à nossa volta não se torne uma ameaçadora teia de azares? Aqui não há receitas. Mas eu diria que certa sincronicidade interna, certo "estar bem consigo mesmo" tende a produzir coincidências felizes. Pessoa sincrônica é aquela que tem suas necessidades internas alimentadas pela realidade exterior. Ela se conhece bem, sabe o que quer, caminha na direção do que precisa e assim cedo ou tarde, a vida se move a seu favor. Quem pelo contrário é infiel às suas verdades internas, finge em relação a si próprio, não sabe o que quer, se arrisca a entrar neste campo de energias contraditórias, negativas, a que costumamos chamar de azar. Veja só a figura do azarado: O sujeito que bate o carro, briga com a namorada, com o amigo, chega em casa encontra duas multas e um aviso do cartório de protestos. Tudo o leva a concluir: é, o mundo está contra mim. Ou a má fase não estará refletindo sua dissincronicidade, uma desarmonia interna, um não saber o que se quer. Ouvir bem seus desejos é fundamental para uma fiel relação de energias com a vida.
O que a gente de fato quer, nem sempre corresponde àquilo que a gente pensa que quer."

*Doucy Douek é Psicóloga clínica, há mais de 25 anos, com especialização em Psicoterapia pela PUC-SP. Facilitadora Certificada em Respiração Holotrópica pelo Grof Transpersonal Training. Pioneira na introdução desta abordagem no Brasil.

CONCLUSÃO: Você não morre tão cedo. Estava aqui, enquanto escrevo, justamente pensando em você. Acabei de postar a matéria....Risos.

O CICLO CÓSMICO

"O quadrado "SATOR"

Desde 1750 se realizam escavações em Pompéia. Numa delas, feita há mais de 60 anos(a), uma estranha inscrição datada, com certeza, da época destruição da cidade, no ano de 79 d.C., e que os arquitetos cristãos reproduziram profusamente mais tarde em diversos monumentos da Itália e da França - na igreja de Pievi Iersagui, perto de Cremona, no castelo de Carnac, sobre a baia de Quiberam (Morhiban, Bretanha, zona famosa por seus monumentos megalíticos, dólmens e menires estranhamente alinhados) e no templo de Saint-Laurent de Rochemaure. Da mesma forma, e além de outros lugares, a inscrição foi descoberta em ruínas romanas situadas em Cirencester (Inglaterra), 55 quilômetros a noroeste de Bristol, e em Doura Europos, antiga cidade síria sobre a margem direita do Eufrates, onde atualmente se eleva a localidade de Qalat es Salihiya, uns 440 quilômetros a Nor-nordeste de Damasco. Apelidada o "quadrado mágico" - ou, com mais propriedade, de quadrado SATOR - a inscrição se apresenta na seguinte forma:
S A T O R
A R E P O
T E N E T
O P E R A
R O T A S

Este palíndromo1 latino é, com toda segurança, uma inscrição paleocristã. De fato, as vinte e cinco letras que o formam permitem escrever -sem repetições- duas vezes a palavra PATERNOSTER, e duas vezes também as letras A e O, o alfa e o ômega - o Princípio e o Fim - que relata o Apocalipse do apóstolo João (IV.21.6)(b), tal como se pode comprovar a seguir:
P
A
A T O
E
P A T E R N O S T E R
O
S
O T A
E
R

O vocábulo SATOR, na tradução que melhor responde à mensagem do palíndromo, significa criador; AREPO carece de sentido em latim, porém devemos assinalar que é o inverso de OPERA; TENET, nas acepções que podem interessar, significa manter, ocupar, dirigir, governar; OPERA nos indica os sentidos de ato, trabalho, obra, ou processo; ROTAS pode ser roda, círculo, ciclo, ou também disco do Sol. Na nossa opinião - eliminando transitoriamente AREPO - o palíndromo deve ser interpretado assim: "O Criador governa os processos cíclicos"…, e o realiza com AREPO, ou seja, com trabalho, ato ou processo (OPERA) inverso do que executa com outro ou outros fins. Desta maneira, obtemos provisoriamente o seguinte resultado parcial: "O Criador governa os processos cíclicos com um trabalho inverso…" ("SATOR - AREPO - TENET - OPERA - ROTAS").
Porém todo palíndromo se caracteriza por ser lido igual de cima para baixo e ao contrário, ou da esquerda para a direita e reciprocamente. Em conseqüência, se o palíndromo SATOR se lê de cima para baixo e, de imediato, de baixo para cima, sempre à partir da esquerda, tal como se escreve e se lê em latim, encontramos a chave na mensagem do palíndromo, já que se é certo que SATOR - AREPO - TENET - OPERA - ROTAS significa "O Criador governa os processos cíclicos com um trabalho inverso", não é menos certo que "ROTAS - OPERA - TENET - AREPO - SATOR" expressa sem a mais leve dúvida que o Sol se ocupa dos trabalhos inversos do Criador.
Ambas as leituras são absoluta e necessariamente complementares para decifrar a mensagem colocada no palíndromo. Porém, às vezes, confirmam o desconhecimento -ainda existente nos tempos imediatamente anteriores e posteriores ao início da Era Cristã - dos descobrimentos de Aristarco de Samos (de 310-230 a.C.) referentes à rotação da Terra sobre seu eixo polar e em torno ao Sol (heliocentrismo), e os de Hiparco de Rodas (cerca de 150 a.C.), relacionados com o fenômeno astronômico da precessão dos equinócios, que constitui uma das resultantes dos diversos movimentos simultâneos e combinados que, pelos efeitos gravitacionais conjuntos do Sol, da Lua, e de outros corpos celestes, nosso planeta - e sua órbita - realizam em torno ao Sol. O desconhecido autor do palíndromo SATOR - aferrado ainda ao geocentrismo anterior a Aristarco de Samos, e desconhecendo, sem dúvida, os descobrimentos de Hiparco de Rodas, atribuiu diretamente ao Sol a função de executor dos "trabalhos inversos do Criador", ou seja, dos efeitos emergentes da precessão dos equinócios, os quais regulam "Nolens Volens" o ritmo e a duração dos ciclos cósmicos da humanidade.
De fato, para o Hemisfério Norte, o equinócio de primavera marca o ponto no qual a Terra, em seu movimento anual de translação ao redor do Sol, passa do semiplano eclíptico austral para seu homólogo boreal, ponto que é variável, pois anualmente se desloca em sentido retrógrado ao longo de sua órbita sobre a eclíptica. Esta retrogradação ou precessão é de 50,27 segundos de arco por ano trópico (365,242 dias solares médios), o que implica, de forma quase que exata, uma variação de 1º de arco em 72 anos, 30º em 2160 anos, e 360º na quantidade de 25.920 anos, lapso este último durante o qual uma hipotética projeção do ponto vernal (do latim, primavera) sobre a coroa de constelações zodiacais efetuaria uma volta completa, para regressar, aproximadamente, ao ponto de partida. Ademais, em tal ciclo precessional de 25.920 anos, as estrelas polares Norte e Sul se modificam várias vezes, sem que se repitam no lapso indicado. O período cíclico-cósmico que com maior freqüência aparece em quase todas as grandes tradições, não é o da precessão dos equinócios, mas sua metade. É o período que corresponde, notoriamente, àquele denominado grande ano pelos povos hiperbóreos,(c) caldeus, persas pré-islâmicos, gregos e atlantes, avaliado em 12.960 anos. Fontes de origem hindu e caldéia - entre outras - assinalam em 5 (cinco), ou seja, o mesmo número dos elementos do mundo sensível (éter, ar, fogo, água, terra), a quantidade de grandes anos, incluindo nosso atual ciclo cósmico, o que dá um total de 64.800 anos a contar desde o seu já longínquo começo, até que culmine em um crepúsculo final, para reiniciar-se um novo ciclo da cadeia de mundos. IIO Simbolismo do Rosário, ou do Colar de Pérolas2
O conjunto da manifestação universal comporta uma quantidade indefinida de ciclos, ou seja, de estados e graus de existência, cujo encadeamento é, na realidade, de ordem causal e não sucessiva, e as expressões utilizadas à respeito, por analogia com a ordem temporal, devem considerar-se como exclusivamente simbólicas. Cada mundo ou cada estado de existência pode ser representado por uma esfera atravessada diametralmente por um fio, que se constitui no eixo que une os dois pólos opostos de tal esfera. Observa-se, assim, que o eixo deste mundo não é senão um segmento do eixo da manifestação universal íntegra, e - desse modo - se estabelece como continuidade efetiva de todos os mundos incluídos na manifestação. A cadeia de mundos é representada geralmente em forma circular, pois se cada mundo é considerado como um ciclo e é simbolizado, como tal, por uma figura circular ou esférica, a manifestação íntegra, que é o conjunto de todos os mundos, aparece de certo modo, por sua vez, como um "ciclo de ciclos". Assim, a cadeia não só poderá ser percorrida de um modo contínuo desde sua origem até o seu fim, mas, também, poderá ser percorrida seguindo novamente o mesmo sentido, que corresponde - no desdobramento da manifestação - a outro nível, distinto daquele no qual se situa a simples passagem de um mundo a outro. Como esse percurso pode prolongar-se indefinidamente, a indefinição da própria manifestação estará, assim, representada de um modo mais sensível. No entanto, é essencial acrescentar que, se a cadeia, de certo modo, parece fechar-se, é para que não se suponha que um novo percurso dessa cadeia possa ser apenas uma espécie de repetição do percurso precedente (um "eterno retorno"). Isso é uma impossibilidade, por constituir algo claramente contrário à verdadeira noção tradicional dos ciclos, segundo a qual somente há correspondência e não identidade; ademais, tal suposição de "eterno retorno" implicaria confundir "eternidade" com "duração indefinida". As doutrinas dos ciclos cósmicos da humanidade sofreram, desde o século IV, um embate tão encarniçado quanto justo, cuja base se finca em um grande desconhecimento do Universo e da mecânica celeste, assim como em uma concepção linear do tempo histórico, que alguns autores contemporâneos rotularam de uma conquista fundamental do processo humano. As concepções cíclicas - diz René Guénon - "não se opõem de forma alguma à história, já que esta, pelo contrário, não pode ter realmente outro sentido senão o de expressar o desenvolvimento dos acontecimentos no transcurso do ciclo humano, ainda que os historiadores profanos não sejam, com segurança, absolutamente capazes de se dar conta disso".
O tempo cósmico não é linear, mas cíclico, e a humanidade não deve esquecer que também forma parte do cosmos. Mircea Eliade assim o diz, justamente quando o homem ocidental, em uma nostalgia de eternidade, evidencia sua ânsia por um paraíso concreto, e crê que esse paraíso é realizável aqui embaixo, na Terra, e agora, no instante presente, em uma espécie de eternidade experimental à qual pensa que ainda pode aspirar. Em quase todas as grandes tradições monoteístas o símbolo mais corrente da cadeia de mundos é o "rosário". O elemento essencial do símbolo é o fio que une as contas, pois não pode haver rosário se não existe primeiro esse fio no qual as contas vêm depois a ser enfiadas "como as contas de um colar". É necessário, no entanto, chamar a atenção sobre isso, dado que, do ponto de vista externo, se vêem mais as contas que o fio, o que é muito significativo, já que as contas representam a manifestação sensível, enquanto o fio simboliza o Espírito puro universal, identificado com Deus, em todos seus Nomes. O número de contas do rosário varia segundo as tradições, e pode, inclusive, modificar-se em função de certas aplicações especiais. Mas, pelo menos nas formas orientais, é sempre um número cíclico, por sua relação com a divisão geométrica do círculo e com o período astronômico da precessão dos equinócios. Assim, particularmente na Índia e no Tibet, esse número é comumente o 108. Na realidade, os estados que constituem a manifestação são de uma vastidão indefinida, mas é evidente que esta vastidão não poderia ser adequadamente representada por um símbolo de ordem sensível como aquele que aqui está sendo tratado, e é forçoso, então, que as contas tenham um número definido. Sendo assim, um número cíclico convém naturalmente para uma figura circular como a considerada, que representa por si mesma um ciclo, ou - melhor dizendo - um "ciclo de ciclos".
Na tradição islâmica, o número de contas do rosário é de 99, número também cíclico por seu fator 9. E o rosário se divide em três séries de 33 contas, cada uma das quais representa um mundo. A esfera faltante para completar a centena equivale a reduzir a multiplicidade à unidade, já que 99 é igual a 100 menos 1. A conta ausente só se encontra no Paraíso. Por seu lado, na tradição cristã, o rosário, cuja origem se atribui a São Domingos de Gusmão (de 1.170 a 1.221), possui 50 contas separadas de dez em dez por outra de maior tamanho, e seus extremos se unem em uma cruz. Totaliza assim 54 contas (a metade do rosário oriental de 108 contas), número cíclico submúltiplo de 12.960."

FONTE: http://www.hermanubis.com.br/Artigos/BR/ARBRACICLOSC%D3SMICOSDAHUMANIDADE.htm

sexta-feira, 11 de maio de 2012

PROCURANDO DEFINIR A ANTI-ENERGIA

 A antimatéria é uma poderosa fonte de energia que é capaz de liberar energia com 100 por cento de eficiência (a fissão nuclear é 1,5 por cento eficiente).Ela não é poluente nem radioativa,e com apenas uma gota poderia abastecer São Paulo,durante um ano inteiro.
Uma ressalva porém,é o fato de que um grama da antimatéria tem energia de 20 quilotons,parecida a de uma bomba nuclear,que pode causar estragos devastadores.
Seu uso no futuro ainda é um mistério.
Alem de todas estas informações, a antimatéria tem segredos que podem explicar a origem do universo, pois  muitos astrofísicos acreditam que quando o Big-Bang aconteceu, criou tudo "espelhado".


Esta expressão "realidade espelhada", que nos remete a tantas ilações próprias dos clássicos do HQ, como a "zona fantasma", para onde eram degredados os criminosos de Kripton, planeta natal de Karl-El, o Superman, ou a expressão "transportado para outra DIMENSÃO".

Prefiro usar a expressão ANTI-REALIDADE sem me recorrer às inspirações de Matrix, mas fiel a Lavoisier e seu clássico "Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma", expandindo o conceito para um pouco mais além. Ou seja, a realidade "espelhada", seria na verdade a anti-realidade, o ralo para onde escoa a matéria nos buracos-negros (verdadeiros portais ou "gates", por onde escorre a matéria desta realidade para a dimensão da ANTI-ENERGIA, ligada´`a contração que nos remete à simbologia do Yin e do Yang como forças expansivas e contrativas em "EQUILÍBRIO", relegando apenas um fator fundamental. Na verdade o equilíbrio da realidade como a conhecemos não se resume a um "cabo de guerra" entre o BEM E O MAL, mas da PREVALÊNCIA DE UM (o "Bem") sobre o outro ("o mal") pois a constante divina universal LUZ, não admite a ANTI-LUZ, o que equivaleria meramente à AUSÊNCIA DE LUZ, o que equivaleria a TREVAS, como queiram. E não me venham com a teoria corpuscular da Luz! Assim, poderíamos dizer que a ANTI-REALIDADE seria o que chamariam de INFERNO. A realidade "virada do avesso", sem LUZ.
 


"Quanto ao mais, sede fortalecidos no Senhor e na força do seu poder. Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para poderdes ficar firmes contra as ciladas do diabo; porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne e sim contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes" (Efésios 6:10-12).

AS PALAVRAS SÃO SIGNIFICATIVAS.

Vamos substitui-las por MATÉRIA onde se lê CARNE e SANGUE. ANTI-ENERGIA onde se lê FORÇAS ESPIRITUAIS DO MAL e se obtém uma verdadeira FÓRMULA FÍSICA.

Similar a E=mc2

Sem esquecer, entretanto, que a LUZ atua como constante divina universal, não havendo ANTI-LUZ, mas meramente AUSÊNCIA DE LUZ (ou trevas como queiram).

Analisando dos pontos de vista científico, esotérico, ou mesmo, teológico, chegaremos à conclusão que o ser humano SABE intuitivamente que no Universo existem duas forças antagônicas, sendo que UMA subjuga a outra. A ENERGIA na verdade SUBJUGA a anti-energia, na medida em que esta não pode se utilizar da LUZ para fazer suas conversões, pois a Luz não admite a COMPACTAÇÃO ou contração, apenas a EXPANSÃO. O próprio princípio do LASER prova isso, na medida em que a Luz pode ser AMPLIFICADA, jamais CONTRAÍDA.

Light Amplification by Stimulated Emission of Radiation = L.A.S.E.R.

Amplificação da Luz por Emissão Estimulada de Radiação.

Voltando à inspiração teológica:

Ezequiel 28:12-16, onde se lê:

"... Assim diz o SENHOR Deus: Tu és o sinete da perfeição, cheio de sabedoria e formosura. Estavas no Éden, jardim de Deus; de todas as pedras preciosas te cobrias: o sárdio, o topázio, o diamante, o berilo, o ônix, o jaspe, a safira, o carbúnculo e a esmeralda; de ouro se fizeram os engastes e os ornamentos; no dia em que foste criado, foram eles preparados. Tu eras querubim da guarda ungido, e te estabeleci; permanecias no monte santo de Deus, no brilho das pedras andavas. Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado até que se achou iniqüidade em ti. Na multiplicação do teu comércio, se encheu o teu interior de violência, e pecaste; pelo que te lançarei profanado fora do monte de Deus, e te farei perecer, ó querubim da guarda, em meio ao brilho das pedras."A referência ao Éden é, para muitos, um indicador seguro de que esta passagem tem que ser sobre a origem de Satanás. Não importa que Satanás já fosse o inimigo do homem no Éden! Mas, novamente, é somente aceitando que esta passagem é sobre Satanás (a própria coisa que precisa ser provada) que podemos lê-la desse modo. O contexto aqui argumenta em outra direção."

Em Lucas 10:17

"Ele lhes disse: Eu via a Satanás caindo do céu como um relâmpago. Eis aí vos dei autoridade para pisardes serpentes e escorpiões, e sobre todo o poder do inimigo, e nada absolutamente vos causará dano". (versículos 18-19). Observe a menção de Jesus a "... sobre todo o poder do inimigo".

CONCLUSÃO: Tudo isso nos remete à EVIDÊNCIA da ANTI-ENERGIA ser Subjugada pela ENERGIA, por não poder dispor da LUZ!

 Complementando minhas especulações científico-filosóficas , passo a analisar cientificamente a possibilidade da anti-energia, à qual me referi fazendo interpretações "teológicas", como a energia que pretendeu confrontar a Energia da Criação (Deus e Espírito Santo) e foi "virada do avesso", tornando-se a anti-matéria (ou o mal, como queiram, ou Lúcifer degredado) ou a anti-energia(idem).

Senão vejamos:

A antimatéria consiste em matéria composta de antipartículas das partículas que constituem a matéria normal. Considera-se que a antimatéria possui carga elétrica oposta à matéria. Um átomo de antihidrogênio, por exemplo, é composto de um antipróton de carga negativa orbitado por um posítron de carga positiva. Se um par partícula/antipartícula entra em contato estes se aniquilam entre si produzindo energia que pode manifestar-se na forma de outras partículas, antipartículas ou radiação eletromagnética.
Em 1995 conseguiu-se produzir anti-átomos de hidrogênio, assim como núcleos de antideutérios, criados a partir de um antipróton e um antinêutron, porém não se obteve sucesso na obtenção de antimatéria de maior complexidade. A antimatéria cria-se no universo como resultado da colisão entre partículas de alta energia, como ocorre no centro das galáxias, entretanto, não se tem detectado nenhum tipo de antimatéria como resíduo do Big Bang, coisa que ocorre com a matéria normal. A desigual distribuição entre a matéria e a antimatéria no universo tem sido, durante muito tempo, um mistério. A solução mais provável reside em certa assimetria nas propriedades dos mesons-B e suas antipartículas, os anti-mesons-B
Os posítrons e os antiprótons podem ser armazenados num dispositivo denominado "armadilha" (Penning trap, em inglês), que usa uma combinação de campos magnéticos e elétricos. Para a criação de armadilhas que retenham átomos completos de antihidrogênio foram empregados campos magnéticos muito intensos, assim como temperaturas muito baixas. As primeiras destas armadilhas foram desenvolvidas pelos projetos ATRAP e ATHENA. O símbolo que se usa para descrever uma antipartícula é o mesmo símbolo da partícula normal, porém com um traço sobre o símbolo. Por exemplo, o antipróton é simbolizado como: .
As reações entre matéria e antimatéria tem aplicações práticas na medicina como, por exemplo, na Tomografia por emissão de posítrons (PET).

A antimatéria como combustível

As colisões entre matéria e antimatéria convertem toda a massa possível das partículas em energia. Esta quantidade é muito maior que a energia química ou mesmo a energia nuclear que se pode obter atualmente através de reações químicas ou fissão nuclear. A reação de 1 Kg de antimatéria com 1 Kg de matéria produziria 1.8×1017 J de energia ( segundo a equação E=mc² ). Em contraste, queimar 1 Kg de petróleo produziria 4.2×107 J, e a fusão nuclear de 1 Kg de hidrogênio produziria 2.6×1015 J.
A escassez de antimatéria significa que não existe uma disponibilidade imediata para ser usada como combustível. Gerar somente um antipróton é imensamente difícil e requer aceleradores de partículas, assim como imensas quantidades de energia (muito maior do que a obtida pelo aniquilamento do antipróton), devido a ineficiência do processo. Os métodos conhecidos para produzir antimatéria também produzem uma quantidade igual de matéria normal, de forma que o limite teórico do processo é a metade da energia administrada se converter em antimatéria. Inversamente, quando a antimatéria é aniquilada com a matéria ordinária, a energia emitida é o dobro da massa de antimatéria, de forma que o armazenamento de energia na forma de antimatéria poderia apresentar (em teoria) uma eficiência de 100%.
Na atualidade, a produção de antimatéria é muito limitada, porém tem aumentado em progressão geométrica desde o descobrimento do primeiro antipróton em 1995. A taxa atual de produção de antimatéria é entre 1 e 10 nanogramas por ano, esperando-se um incremento substancial com as novas instalações do CERN e da Fermilab.
Considerando as partículas mais elementares que se conhecem actualmente: Lépton (Elétron, Elétron-neutrino, Múon, múon-neutrino, Tau e Tau-neutrino), Quarks (Up, Down, Charm, Strange, Top e Bottom) e Bósons (Fótons, Glúons, Bósons vetoriais mediadores e grávitons), podemos dizer que para cada uma delas, existe uma antipartícula, com massa igual porém com carga eléctrica e momento magnético inverso. Elas dão origem ao antielétron (chamado também de pósitron), ao antipróton e ao antinêutron - a antimatéria, portanto.

ANTI-ENERGIA, UMA POSSIBILIDADE.

Uma vez que pela teoria da relatividade, energia e matéria são dois estados diferentes do mesmo princípio, entra aqui o componente LUZ. Ora, pela teoria da relatividade a ENERGIA nada mais é que a MATÉRIA acelerada a velocidade da LUZ (300.000 km por segundo). A famosa fórmula E=MC2.

Deste pressuposto poderíamos, por analogia afimar que a ANTI-ENERGIA seria a ANTIMATÉRIA e aí se comcluí algo EXTRAORDINÁRIO, também acelerada à velocidade da LUZ.! Como diria Shakespeare: "Ah, eis aqui o escolho!". Ora, Lúcifer não contava com o fato de que dependeria da LUZ (Espírito Santo), uma CONSTANTE DIVINA UNIVERSAL para perfazer seu intento de transformar a ANTI-MATÉRIA em ANTI-ENERGIA ou vice-versa! Essa foi sua ruína, uma vez que a LUZ liga-se em essência à característica de EXPANSÃO e não de CONTRAÇÃO, fazendo com que NÃO EXISTA uma ANTI-LUZ!

EUREKA!

Assim, a Anti-matéria e a anti-energia foram, digamos, "viradas do avesso".

E o conceito de TRINDADE pode então ser definida como:

PAI = ENERGIA (DEUS)
FILHO= MATÉRIA
ESPÍRITO SANTO= LUZ.

Q.E.D.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

O PODER DA PALAVRA FALADA

EL PODER DE LA PALABRA HABLADA

Por: Anselmo Bigatti Rovira


La ciencia ha descubierto que el sonido viaja a través del aire desde el punto donde emana, a la asombrosa velocidad de 331 metros (1083 pies) por segundo, actuando sobre las estructuras moleculares existentes en la atmósfera, alterando sus frecuencias vibratorias en un modelo en onda, después de lo cual es recibido por los órganos auditivos de una persona y es interpretado por la mente consciente. ¡Esta es en realidad una verdadera proeza¡

Sin embargo, las palabras habladas que son llevadas como ondas sonoras hacia otra persona poseen un poder aún más asombroso. Una vez que son interpretadas por la mente de la persona receptora -con mayor velocidad que la del sonido- esas palabras son transmitidas al corazón y al alma. Y, ¡cuanto poder pueden tener esas palabras¡


Las palabras pueden sosegar una mente preocupada: ofrecen guía e iluminación; ayudan a compartir ideas y conocimiento; animan y vivifican.

Por otra parte, las palabras pueden causar confusión y discordia. Pueden herir el amor propio, degradar y desestabilizar al ser interno. En suma, las palabras habladas en forma consciente pueden crear una polaridad ya sea positiva o negativa no sólo en los demás, sino también en nosotros mismos.


Desde la antigüedad se sabe que al entonar sonidos vocales (mantras) se originan frecuencias vibratorias que afectan los centros psíquicos del cuerpo. También estamos concientes de la manera como la entonación de esos sonidos vocales activa glándulas afines para que desarrollen la función de crear una perfecta armonía dentro del ser físico. Cuando emitimos los sonidos vocales en nuestras meditaciones nos damos cuenta no sólo de cómo se carga la atmósfera de energía positiva, sino que sentimos también una sensación de paz interior que invade nuestro ser físico, mental y espiritual, en tanto que nuestro cuerpo se acondiciona a un metabolismo rítmico. El ser total experimenta una armonización sublime. El ser está en reposo; el ser se eleva. Es muy conveniente cooperar con el ser, vigorizar el ser, pensar en el ser. Pero, ¿Qué pasa con el ser de los demás? cuando dejamos de meditar para integrarnos a nuestras actividades cotidianas y conversamos con otras personas, ¿con cuánta frecuencia las palabras que pronunciamos producen un efecto sedante y vivificante en los demás, como lo producen los sonidos vocales en nuestro ser interior?


Las palabras - Vibraciones Poderosas


En el mundo actual, es fácil quedar atrapado en las vibraciones confusas y perplejas de nuestra tumultuosa época. A menudo se interrumpe nuestra paz interior y es muy difícil lograr equilibrio emocional. Todos nosotros, en un momento u otro, nos hemos sentido irritados por las condiciones externas y hemos hablado en forma brusca y airada a otras personas. En la mayoría de los casos esta es una reacción del momento, puesto que esas palabras airadas son expresadas en forma espontánea, sin pensar, y no son necesariamente un reflejo de la forma de hablar de la persona, sino de su conflicto interno al intentar conservar la paz y la armonía.


Pero, ¿y qué de las palabras que expresamos premeditadas y conscientemente? ¿Son sopesadas con cuidado teniendo en cuenta los sentimientos de otras personas? ¿Son iluminadoras y compasivas, o ignorantes y egoístas? ¿Crean armonía o discordia? ¿Son palabras de verdadera comprensión o son el producto del chismorreo y de la crítica?


La murmuración, aún la "inocente" y "bien intencionada", es por lo general el resultado de ignorar la verdad sobre determinada situación, y usualmente injustificada. Se edifica sobre juicios erróneos, por la intervención de desconfianzas y suposiciones, y muy rara vez da como resultado la creación de una polaridad positiva.

Así como los átomos contenidos en el aire chocan y aceleran la vibración es una onda de sonidos, así también las palabras intrigosas se expanden en proporción, siguen su curso y, ¿con qué finalidad? cuando las palabras son tergiversadas y los pensamientos mal interpretados, la privacidad se ve invadida, se pierde la confianza, la fe es traicionada y se rompe la amistad.


Cuando las personas objeto de las intrigas escuchan las palabras que se dicen de ellas -y siempre llegan a sus oídos, porque así como rebota el eco una onda sonido, así rebotan las palabras intrigantes- se desarrollan sentimientos de autodegradación , cólera y desconfianza, mientras la confusión y la desarmonía reinan de manera suprema. Si las palabras que hablamos producen tales efectos, ¿somos en realidad dignos INICIADOS?



La Crítica Negativa

Por la misma razón, las palabras de crítica producen efectos negativos similares, pero de una manera más directa y compleja. Las palabras de censura que van dirigidas a una persona o a un grupo de personas, especialmente cuando son pronunciadas de manera consciente y acerba, no son sólo producto de la ignorancia y de un juicio erróneo sino, por lo general, representan más al punto de vista del propio ser interno de quien las profiere, que de aquél a quien se dirige. El Criticar*** tiene con frecuencia una naturaleza dual, pues refleja autorectitud o desprecio de sí mismo. No sólo crean desarmonía en los demás, sino también en nuestro propio ser. La crítica constructiva puede producir algunas veces efecto positivo, pero cuando no es solicitada causa cierto grado de confusión interna. Pero, ¿cuál es la causa de que una persona critique a otros? Es muy posible que a esa persona se le hayan dirigido alguna vez palabras de crítica que le produjeron un efecto adverso; tal vez fueron palabras que se repitieron una y otra vez, por lo cual quedaron cruelmente implantadas en su propia mente, corazón y alma... un ciclo de palabras que con el tiempo perpetúan pensamientos y acciones negativos.

Si hemos de crear una polaridad positiva con las palabras que dirigimos a los demás, debemos cuestionar nuestro propio ser interno. Cuando una persona desea hacer un examen de conciencia y viene a nosotros en busca de consejo, o cuando nosotros queremos hacernos un examen de conciencia y solicitamos el consejo de otro, ¿son las palabras que se dicen beneficiosas y edificantes, o egoístas y carentes de comprensión? ¿Mantenemos en secreto la lucha interna de la otra persona, o violamos su confianza repitiendo su problema a otros por exaltarnos?


El alma interna que brilla en la luz de la fuerza vital de todos nosotros, es perfecta. Cuando hablamos a otra Alma-Personalidad, ¿aumentan nuestras palabras la luz interior de esa persona, o intenta extinguirla? ¿Reconocemos la perfección en todos los seres y en nosotros mismos, o albergamos pensamientos y generamos palabras con los cuales una persona puede sentirse perturbada, perder el equilibrio y el orden perfecto, y fomentan una polaridad negativa?


Las palabras que pronunciamos transmiten una vibración mucho más poderosa de lo que pensamos, porque implantan imágenes en la mente; forman ideas o pensamientos que general acción y afectan el desarrollo. Puesto que todos nos aferramos por una existencia positiva de paz interna y externa, es indudable que nuestras palabras tienen que generar, de una manera positiva, atributos tales como confianza en sí mismo, paz mental, total armonía y equilibrio en todos los aspectos de nuestro ser. Entonces estableceremos una polaridad positiva no sólo en los demás, sino en nosotros mismos y en el Universo."


***La palabra crítica viene de krisis en latín


R:.H:. Alberto Dulanto Pardo Figueroa

B:.R:.L:.S:. Sol del Peru 73

domingo, 6 de maio de 2012

A ARTE DA ESPREITA


"A arte dos Espreitadores é a arte de mover e fixar o ponto de aglutinação segundo a intensão mas sempre com um objetivo primordial que é a estratégia.Sobre a estratégia ela apenas condiz com o caminho e o ideal do guerreiro se é aplicada com o unico objetivo de cumprir as designações do Intento, designações que vem ao guerreiro tão claras quanto for seu elo com o mesmo.A estratégia é tb o metodo mais eficiente de economizar a energia de que dispomos pra tudo o que fazemos tal pode ser feito por exemplo pelo dominio da mente.Os pensamentos podem ser grande causa de gasto energético quando são desgarrados e indisciplinados são como uma floresta de pinheiros mortos projetando uns sobre os outros a sombra de sua propria ignorancia, impedindo a luz de tocar o fertil solo da verdadeira mente."




"A ESPREITA
 Expressões pesquisadas:

- Espreita
- Espreitar
 RESUMO DAS CITAÇÕES (livros e páginas):

1 – A Erva do Diabo -

2 – Uma Estranha Realidade - 171
3 – Viagem a Ixtlan -
4 – Porta para o Infinito -
5 – O Segundo Circulo do Poder - 78-167-167-168-180
6 – O Presente da Águia - 221-230
7 – O Fogo Interior - 27-163-164-166-167-178
8 – O Poder do Silêncio - 16-53-78-80-91-92-233
9 – A Arte de Sonhar - 86-94-181-205
10 – Passes mágicos - -
11 – A Roda do Tempo - 198-217-218-219-220-221
12 – O Lado Ativo do Infinito - 223-224
13 – Encontros com o Nagual - 39-79-82-120-125-140-142-143-144-145-146
 Considerações:

As habilidades da espreita e do sonhar são os dois pilares do caminho de evolução dos toltecas do Antigo México.

A espreita se relaciona fortemente, além do sonhar, com muitas outras “unidades de significado” deste conhecimento a saber: o tonal, o ponto de aglutinação, o pequeno tirano, a impecabilidade, a importância pessoal, os hábitos e rotinas, a loucura controlada, a energia sexual, a consciência intensificada, a recapitulação, e por aí afora...
A arte da espreita, já que lida com pessoas e comportamento, por um lado é aparentemente exterior, mas por outro lado tem raízes profundas com o lado “oculto” do ser humano, incompreensível à razão habitual, que é o corpo energético.
A arte da espreita está ligada ao coração, assim como a mestria da consciência está ligada á mente, e a mestria do intento ao espírito.
O seu propósito é deslocar gradual, firme e seguramente o ponto de aglutinação e fixá-lo além do chamado inventário humano.
A espreita pode ser aplicada a tudo, mas espreitar a sí mesmo é a sua expressão mais fina e valiosa.
Se fôssemos resumir os pontos importantes das considerações sobre a espreita, diríamos:
- É a habilidade de fixar o ponto de aglutinação numa nova posição
- É uma batalha silenciosa para “conseguir os objetivos” da melhor forma em cada situação.
- É um controle sistemático do comportamento
- É uma forma de relacionar-se com as pessoas, mas sua atuação objetiva “afinar o próprio praticante”.
- É colocar-se em situações limite (perigo, medo, saturação sensorial, agressão)
- A espreita é ligada ao tonal, corpo direito, primeira atenção. O sonho é o oposto (nagual, corpo esquerdo, segunda atenção)
- Ela move devagar e mantém o ponto de aglutinação na nova posição (coesão). O sonho é o oposto
- As mulheres são naturalmente mais afeitas á espreita que os homens
- É regida por 7 princípios (vide abaixo)
- Tem 4 passos de aprendizado: implacabilidade, esperteza, paciência e doçura
- Sua estratégia mais eficaz tem 6 pontos: controle, disciplina, paciência, oportunidade, vontade e o pequeno tirano
- Espreita-se tudo, até as próprias fraquezas, mas o “estado da arte” é espreitar a sí mesmo
- Seus resultados são: rir de si mesmo, não se levar a sério, capacidade infinita de improvisação
- A espreita é o enigma do coração; a consciência é o da mente; o intento é o do espírito
- É um comportamento secreto, furtivo e enganoso para produzir um choque (em si mesmo)
- Para espreitar é preciso ter um propósito, ser impecável, sair da auto-importância, banir hábitos e praticar a loucura controlada (fingir-se imerso na ação, mas sem se identificar, nem ser notado)
- A recapitulação é o ponto forte dos espreitadores. É uma forma especializada de espreitar as rotinas internas.
- A espreita é melhor aprendida em consciência intensificada, sem o inconveniente do inventário
- Liga-se á energia sexual de forma individual. O sonhador usa a energia sexual para sonhar. O espreitador é o oposto
 Citações

• “A arte da espreita é um conjunto de procedimentos e atitudes que possibilita a um guerreiro

conseguir o melhor de qualquer situação concebível. “
A Roda do Tempo, pág. 198
1. “O primeiro princípio da arte da espreita é que os guerreiros escolhem o campo de batalha. Um guerreiro nunca vai para a batalha sem saber o que o cerca.

2. Descartar tudo que não é necessário é o segundo princípio da arte da espreita. Um guerreiro não complica as coisas. Seu objetivo é ser simples.
3. Ele aplica toda a concentração que tem para decidir se entra ou não na batalha, pois qualquer batalha é uma batalha por sua vida. Este é o terceiro princípio da arte da espreita. Um guerreiro deve estar disposto e pronto para travar sua última batalha aqui e agora. Mas não de uma maneira descuidada.
4. Um guerreiro relaxa e se abandona; ele nada teme. Só então os poderes que guiam os seres humanos abrem o caminho para o guerreiro e o ajudam. Só então. Este é o quarto princípio da arte da espreita.
5. Quando diante de dificuldades com as quais não podem lidar, os guerreiros recuam por um momento. Eles deixam a mente vagar. Ocupam seu tempo com alguma outra coisa. Qualquer coisa serve. Este é o quinto princípio da arte da espreita.
6. Os guerreiros comprimem o tempo este é o sexto princípio da arte da espreita. Mesmo um instante conta. Numa batalha por sua vida, um segundo é uma eternidade, uma eternidade que pode decidir o resultado final. Os guerreiros visam ao sucesso, portanto comprimem o tempo. Os guerreiros não desperdiçam um só instante.
7. Para aplicara sétimo princípio da arte da espreita, é preciso aplicar os outros seis; um espreitador nunca se lança para a frente. Ele sempre olha para frente por detrás das cenas.”
A Roda do Tempo, págs. 217 a 221
.
• “Disse que seu benfeitor considerava as três técnicas básicas da espreita - o engradado, a lista de acontecimentos a serem recapitulados, e a respiração do espreitador - como sendo as tarefas talvez mais importantes de um guerreiro. Ele achava que uma recapitulação profunda era o meio mais eficiente para se perder a forma humana. Portanto, seria fácil para os espreitadores, depois de recapitularem suas vidas, fazer uso de todos os não fazeres do seu eu, tais como apagar sua história pessoal, perder a auto-importância, quebrar as rotinas, e assim por diante.
Informou que seu benfeitor deu a todos eles exemplos do que queria dizer, primeiro demonstrando suas premissas, e depois expondo os princípios do guerreiro nas suas ações. No seu caso, como ele era um mestre na arte de espreitar, engendrou o plano da sua doença e sua cura, que não só foi coerente com o método do guerreiro mas também foi uma introdução magistral aos sete princípios da arte de espreitar. Primeiro atraiu Florinda a seu próprio campo de batalha, onde ela ficou à sua mercê; forçou-a a descartar-se do que não fosse essencial; ensinou-lhe a colocar sua vida nos eixos, através de uma decisão; ensinou-lhe a relaxar; fez com que ela desenvolvesse um espírito diferente de otimismo e autoconfiança para que pudesse reorganizar seus recursos; ensinou-lhe a condensar o tempo; e finalmente mostrou-lhe que um espreitador nunca se põe à frente das coisas.
Florinda se impressionava muito com o último princípio. Para ela ele resumia tudo o que ela queria dizer a mim nas suas instruções de última hora.
- Meu benfeitor era o chefe - disse Florinda. - Assim mesmo, olhando para ele ninguém acreditaria. Sempre usava uma de suas guerreiras como fachada, misturando-se livremente entre os doentes, fingindo ser um deles, ou fazendo-se passar por um velho idiota varrendo as folhas secas com uma vassoura improvisada.
Florinda explicou que para aplicar o sétimo princípio da arte de espreitar, tem-se de aplicar os outros seis. Assim, seu benfeitor ficava sempre por trás dos bastidores. Graças a isso ele era capaz de evitar ou aparar conflitos. Se houvesse discórdia, nunca era com ele e sim com a guerreira que estivesse servindo de fachada.
- Espero que você tenha percebido a essa altura - continuou ela - que só um mestre em espreita pode ser um mestre em loucura controlada. A loucura controlado não significa o estudo das pessoas. Significa, como meu benfeitor explicou, que os guerreiros aplicam os sete princípios básicos da arte de espreitar a tudo o que fazem, desde os atos mais simples até situações sérias de vida e de morte. A aplicação desses princípios redunda em três resultados. O primeiro é que os espreitadores aprendem a nunca se levarem a sério; aprendem a rir de si próprios. Se não se importam de parecer bobos, podem enganar a qualquer um. O segundo é que aprendem a ter uma paciência sem fim. Nunca estão com pressa, nunca se desesperam. E o terceiro é que aprendem a desenvolver uma capacidade infinita de improvisação.”
O Presente da Águia, pág. 230
• “Em seu esquema de ensino, o qual foi desenvolvido por feiticeiros de tempos antigos, havia duas categorias de instrução. Uma era chamada "ensinamentos para o lado direito", desenvolvida no estado normal de consciência. A outra era chamada "ensinamentos para o lado esquerdo" , posta em prática apenas em estados de consciência intensificada.

Essas duas categorias permitiam que os professores ensinassem a seus aprendizes em três áreas de habilidades: a mestria da consciência, a arte da espreita e a mestria do intento.
Essas três áreas de habilidade, são os três enigmas que os feiticeiros encontram em sua busca ao conhecimento.
A mestria da consciência é o enigma da mente, a perplexidade que os feiticeiros experimentam quando reconhecem o espantoso mistério e propósito da consciência e da percepção.
A arte da espreita é o enigma do coração o desconcerto que os feiticeiros sentem ao se tornarem conscientes de duas coisas: primeiro, que o mundo parece para nós inalteravelmente objetivo e factual, por causa das peculiaridades de nossa consciência e percepção segundo, que se diferentes peculiaridades de percepção entram em jogo, as próprias coisas do mundo que parecem tão inalteravelmente objetivas e factuais mudam.
A mestria do intento é o enigma do espírito, ou o paradoxo do abstrato - os pensamentos e ações dos feiticeiros projetados além de nossa condição humana.
A instrução de Don Juan quanto à arte da espreita e à mestria do intento dependia de sua instrução sobre a mestria da consciência, que era a pedra fundamental de seus ensinamentos, que consistem das seguintes premissas básicas:
1. O universo é uma aglomeração infinita de campos de energia, semelhantes a filamentos de luz
2. Esses campos de energia, chamados de "emanações da Águia" , radiam de uma fonte de proporções inconcebíveis, metaforicamente denominada Águia
3. Os seres humanos também são compostos de um número incalculável dos mesmos campos de energia filamentosos. Essas emanações da Águia formam uma aglomeração encapsulada que se manifesta como uma bola de luz do tamanho do corpo da pessoa com os braços estendidos lateralmente, como um ovo luminoso gigante
4. Apenas um grupo muito pequeno de campos de energia no interior dessa bola luminosa são acesos por um ponto de intenso brilho localizado na superfície da bola
5. A percepção ocorre quando os campos de energia desse pequeno grupo imediatamente ao redor do ponto de brilho estendem sua luz para iluminar campos de energia idênticos no exterior da bola. Uma vez que os únicos campos de energia perceptíveis são aqueles iluminados pelo ponto brilhante, esse ponto é chamado "o ponto onde a percepção é aglutinada" , ou simplesmente "o ponto de aglutinação"
6. O ponto de aglutinação pode ser movido de sua posição usual sobre a superfície da bola luminosa para outra posição na superfície ou no interior. Uma vez que o brilho do ponto de aglutinação pode iluminar qualquer campo de energia com o qual entrar em contato, quando se move para uma nova posição ilumina de imediato novos campos de energia, tornando-os perceptíveis. Esta percepção é conhecida como ver
7. Quando o ponto de aglutinação se desloca, torna possível a percepção de um mundo inteiramente diferente – tão objetivo e factual como aquele que normalmente percebemos. Os feiticeiros entram nesse outro mundo para obter energia, poder, soluções para problemas gerais e particulares, ou para encarar o inimaginável
8. Intento penetrante que nos faz perceber. Não nos tornamos conscientes porque percebemos antes, percebemos como resultado da pressão e intrusão do intento
9. O objetivo dos feiticeiros é atingir um estado de consciência total de modo a experimentar todas as possibilidades de percepção disponíveis ao homem. Esse estado de consciência implica mesmo uma maneira alternativa de morrer.”
O Poder do silêncio, pág. 16
• “- O primeiríssimo princípio da espreita é que um guerreiro espreita a si mesmo. Espreita a si mesmo implacavelmente, com esperteza, paciência e docilmente.

Eu queria rir mas ele não me deu tempo. De modo muito sucinto definiu a espreita como a arte de usar o comportamento de maneiras novas para propósitos específicos. Disse que o comportamento humano normal no mundo da vida cotidiana era rotina. Qualquer comportamento que escapava à rotina causava um efeito incomum em nosso ser total. Esse efeito incomum era o que os feiticeiros buscavam, porque era cumulativo.
Explicou que os feiticeiros videntes dos tempos antigos, através de sua visão, primeiro haviam notado que o comportamento incomum produzia um tremor no ponto de aglutinação. Breve descobriram que se o comportamento incomum era praticado sistematicamente e dirigido com sabedoria, forçava no final o movimento do ponto de aglutinação.
- O desafio real para aqueles feiticeiros videntes - continuou Don Juan - era encontrar um sistema de comportamento que não fosse mesquinho nem caprichoso, mas que combinasse a moralidade e o senso de beleza que diferencia os videntes feiticeiros das bruxas comuns.
Parou de falar, e todos olharam para mim como que buscando sinais de fadiga em meus olhos ou rosto.
- Qualquer um que tenha sucesso em mover seu ponto de aglutinação para uma nova posição é um feiticeiro - continuou Don Juan. - E a partir dessa nova posição, pode fazer todos os tipos de coisas boas e más aos seus semelhantes. Ser um feiticeiro, portanto, pode ser o mesmo que ser um sapateiro, ou um padeiro. A causa dos feiticeiros videntes é ir além dessa posição. E para fazê-lo necessitam de moralidade e beleza.
Disse que, para os feiticeiros, a espreita era o alicerce sobre o qual tudo o mais que faziam era construído.”
O Poder do Silêncio, pág. 92
• “- A espreita é uma das duas maiores realizações dos novos videntes. Eles decidiram que deveria ser ensinada ao nagual dos dias modernos quando seu ponto de aglutinação já se tivesse deslocado bem profundamente para o lado esquerdo. O motivo desta decisão é que um nagual precisa aprender os princípios da espreita sem o incômodo do inventário humano. Afinal, o nagual é o líder de um grupo, e para liderá-lo deve agir rapidamente, sem ter que pensar primeiro.

"Outros guerreiros podem aprender a espreitar em sua consciência normal, embora seja aconselhável que o façam em consciência intensificada... não tanto por causa do valor da consciência intensificada, mas porque isto imbui a espreita de um mistério que ela na verdade não possui; espreitar é meramente um comportamento diante das pessoas."
Disse ainda que eu podia agora compreender que mudar o ponto de aglutinação era a razão pela qual os novos videntes atribuíam um valor tão alto à interação com os pequenos tiranos. Os pequenos tiranos forçavam os videntes a usar os princípios da espreita e, ao fazê-lo, ajudavam-nos a deslocar seus pontos de aglutinação. .
Perguntei-lhe se os antigos videntes sabiam alguma coisa sobre os princípios da espreita.
- A espreita foi desenvolvida exclusivamente pelos novos videntes - falou, sorrindo. - São os únicos videntes que tiveram de lidar com pessoas. Os antigos estavam tão enredados em seu sentido de poder que só foram perceber que as pessoas existiam quando elas começaram a bater-lhes nas cabeças. Mas você já sabe de tudo isso. .
Dom Juan disse em seguida que o domínio da intenção, juntamente com o domínio da espreita são as duas obras-primas dos novos videntes, que marcam o advento dos videntes dos dias de hoje.”
O Fogo Interior, pág. 164
• "Uma das grandes manobras dos espreitadores é contrapor o mistério à estupidez que há em cada um de nós."

Explicou que as práticas da espreita não são coisas para alguém se rejubilar; na verdade, são completamente censuráveis.
Sabendo disso, os novos videntes percebem que seria contra o interesse geral discutir ou praticar os princípios de espreita em consciência normal.
Apontei-lhe uma incongruência. Ele dissera que não há meios de os guerreiros agirem no mundo enquanto se encontram em consciência intensificada, e também que espreitar é simplesmente comportar-se diante de pessoas de maneiras específicas. As duas afirmações contradiziam-se mutuamente.
- Por não ensiná-la em consciência normal referia-me apenas a ensiná-la a um nagual - disse ele. - O propósito de espreitar é duplo: primeiro, deslocar o ponto de aglutinação tão firmemente e a salvo quanto possível, e nada pode fazê-lo tão bem quanto a espreita; segundo, imprimir seus princípios a um nível tão profundo que o inventário humano seja ultrapassado, assim como a reação natural de recusar e julgar algo que possa ser ofensivo à razão.
Falei que duvidava sinceramente que eu conseguisse julgar ou recusar algo dessa forma. Riu e disse que eu não podia ser uma exceção, que iria reagir como todos os outros quando ouvisse sobre os feitos de um mestre espreitador, como seu benfeitor, o nagual Julian.
- Não estou exagerando quando lhe digo que o nagual Julian era o mais extraordinário espreitador que jamais conheci disse Dom Juan. - Você já ouviu de todos sobre seus talentos de espreita. Mas nunca lhe contei o que ele fez comigo.”
O Fogo Interior, pág. 178
• “- A arte de espreitar é aprender todos os truques de seu disfarce - retrucou Belisário, não dando atenção ao que Don Juan lhe dizia. - E devem ser apreendidos com tanta eficiência que ninguém perceba o seu disfarce. Para isso, você precisa ser implacável, esperto, paciente e agradável.”

O Poder do Silêncio, pág. 78
• “- Essa sensação de estar arrolhado é experimentada por todo ser humano. É um lembrete da existência de nossa conexão com o intento. Para os feiticeiros essa sensação é ainda mais aguda, precisamente porque seu objetivo é sensibilizar seu elo de conexão até que possam fazê-lo funcionar à vontade.

"Quando a pressão de seu elo de conexão é grande demais, os feiticeiros aliviam-na espreitando a si mesmos.”
- Ainda acho que não compreendo o que quer dizer por espreitar - falei. - Mas em certo nível penso que sei exatamente o que quer dizer.
- Tentarei ajudar você a esclarecer o que sabe, então. Espreitar é um procedimento, um procedimento muito simples. Espreitar é comportamento especial que segue certos princípios.
É um comportamento secreto, furtivo, enganoso, designado a provocar um choque. E quando você espreita a si mesmo, você choca a si mesmo, usando seu próprio comportamento de um modo implacável e astucioso.
Explicou que quando a consciência de um feiticeiro ficava enredada pelo peso de suas aquisições perceptivas, o que estava acontecendo comigo, o melhor, ou talvez o único remédio, era usar a idéia da morte para proporcionar esse choque de espreita.
- A idéia da morte, portanto, é de importância monumental na vida de um feiticeiro - continuou Don Juan. - Mostrei-lhe coisas inumeráveis a respeito da morte para convencê-lo de que o conhecimento de nosso fim pendente e inevitável é o que nos dá sobriedade. Nosso engano mais caro como homens comuns é não se importar com o senso de imortalidade. É como se acreditássemos que, se não pensássemos a respeito da morte, nos pudéssemos proteger dela.”
O Poder do Silêncio, pág. 115
• “- O primeiro princípio da arte de espreitar é que os guerreiros escolhem seu campo de batalha - disse. - Um guerreiro nunca entra na batalha sem saber o que o cerca. A curandeira tinha me mostrado, na sua batalha com Celestino, o princípio da espreita. Depois ela veio para onde eu me encontrava deitada. Eu estava chorando. Era a única coisa que podia fazer. Ela pareceu preocupada; cobriu meus ombros com o cobertor, sorriu e piscou o olho para mim. "O trato continua - disse. - Volte assim que puder, se quiser viver. Mas não traga seu mestre com você, sua putinha. Venha com os que forem absolutamente necessários".

Florinda fixou os olhos em mim por algum tempo. Pelo seu silêncio concluí que ela esperava comentários da minha parte.
- Descartar tudo o que for necessário é o princípio da arte de espreitar - disse ela, sem me dar tempo de dizer nada.
O Presente da Águia, pág. 221
• “- Ela está treinando a arte de espreitar - disse Lídia. – O Nagual ensinou-nos a confundir as pessoas, para elas não nos notarem. Josefina é muito bonita e quando anda sozinha de noite, ninguém a importuna, se for feia e fedorenta, mas se ela sair como realmente é, bem, você mesmo pode dizer o que vai acontecer.

Josefina concordou com a cabeça e depois fez a careta mais feia do mundo.
- Ela consegue ficar com essa cara o dia inteiro - disse Lídia.
Argumentei que se eu morasse por ali, certamente havia de reparar mais depressa em Josefina com o seu disfarce do que se ela não estivesse disfarçada.
- Aquele disfarce foi só para você - disse Lídia, e as três se riram. - E veja como o enganou. Você reparou mais no seu filho do que nela mesma.
Lídia foi para o quarto e trouxe um embrulho de trapos que parecia uma criança embrulhada e jogou-o na mesa diante de mim.
Eu ri às gargalhadas junto com elas.
- Vocês todas têm disfarces especiais? - perguntei.
- Não. Só Josefina. Ninguém por aqui a conhece como ela é
mesmo - respondeu Lídia.”
O Segundo Círculo do Poder, pág. 78
• “- Diga-me agora, qual é a arte de espreitar? - perguntei.

- O Nagual era um espreitador - disse ela, e olhou para mim. - Você deve saber disso. Ele lhe ensinou a espreitar desde o princípio.
Ocorreu-me que aquilo a que ela se referia era o que Dom Juan chamava de caçador. Certamente ele me ensinara a ser caçador. Eu lhe disse que Dom Juan me ensinara a caçar e fazer armadilhas. Porém o uso que ela fazia do termo espreitador era mais preciso.
- Um caçador apenas caça - disse ela. - Um espreitador espreita qualquer coisa, inclusive a si mesmo.
- Como é que ele faz isso?
- Um espreitador impecável pode transformar qualquer coisa em presa. O Nagual me disse que podemos espreitar até as nossas próprias fraquezas.
Parei de escrever e procurei lembrar-me se Dom Juan algum dia me apresentara uma possibilidade tão nova: espreitar as minhas fraquezas. Não me recordava que ele jamais tivesse dito a coisa nesses termos.
- Como é que podemos espreitar nossas fraquezas, Gorda? - Do mesmo modo que você espreita a caça. Você estuda os seus hábitos até conhecer todos os atos de suas fraquezas e depois salta sobre elas e as pega como coelhos dentro de uma gaiola.
Dom Juan me ensinara a mesma coisa sobre os hábitos, mas no sentido de um princípio geral de que os caçadores devem ter consciência. Porém a compreensão e a aplicação que ela tinha daquilo eram mais pragmáticas do que as minhas.
Dom Juan dissera que qualquer hábito era, em essência, um "ato" e que um "ato" precisava de todas as suas partes para poder funcionar. Se faltassem algumas partes, um ato se desmoronava. Por ato ele queria dizer qualquer série coerente e significativa de ações. Em outras palavras, um hábito precisava de todas as suas ações componentes para poder ser uma atividade viva.”
O Segundo Círculo do Poder, pág. 167
• “Depois a Gorda descreveu como ela espreitara a sua própria fraqueza de comer exageradamente. Disse que o Nagual sugerira que ela primeiro atacasse a parte maior desse hábito, que se ligava ao seu trabalho como lavadeira; ela comia tudo o que os fregueses lhe davam, enquanto ia de casa em casa entregando a roupa lavada. Ela esperava que o Nagual lhe dissesse o que devia fazer, mas ele apenas riu e caçoou dela, dizendo que assim que ele disse para ela fazer alguma coisa, ela havia de lutar para não fazê-lo. Ele disse que os seres humanos são assim; adoram que se diga o que devem fazer, mas adoram mais ainda lutar e não fazer o que se manda, e assim se confundem e detestam aquele que lhes falou em primeiro lugar.

Durante muitos anos ela não conseguiu pensar em nada para espreitar sua fraqueza. Mas um dia ela ficou tão farta de ser gorda que se recusou a comer durante 23 dias. Aquele foi o ato inicial que rompeu a sua fixação. Depois ela teve a idéia de meter uma esponja na boca, para fazer os fregueses acreditarem que ela tinha um dente infeccionado e que não podia comer. O subterfúgio deu certo não apenas com os fregueses, que pararam de lhe dar comida, mas também com ela mesma, pois ela tinha a impressão de estar comendo, ao mastigar a esponja. A Gorda riu ao contar que passou anos com uma esponja metida na boca, até acabar com o hábito de comer demais.
- Foi só isso que você teve de fazer para perder o hábito? - perguntei.
- Não. Também tive de aprender a comer como uma guerreira. - E como é que uma guerreira come?
- Uma guerreira come com calma e devagar e muito pouco de cada vez. Eu costumava falar enquanto comia e comia muito depressa e uma porção de comida de cada vez. O Nagual me disse que um guerreiro come quatro bocados de comida de cada vez. Um pouco depois ele come mais quatro bocados e assim por diante.
"Um guerreiro também caminha vários quilômetros por dia. A minha fraqueza de comer nunca me deixava caminhar. Eu a venci comendo quatro bocados de hora em hora e caminhando. Às vezes eu caminhava o dia inteiro e a noite inteira. Foi assim que perdi a gordura nas minhas nádegas.”
O Segundo Círculo do Poder, pág. 167
• ”- Mas espreitar as suas fraquezas não é suficiente para perdê-las - disse ela. - Você pode espreitá-las até o dia do juízo e não vai alterar nada. É por isso que o Nagual não quis dizer-me o que fazer.

O que o guerreiro precisa mesmo a fim de ser um espreitador impecável é ter um propósito.
A Gorda contou como tinha vivido à-toa antes de conhecer o Nagual, sem nenhum objetivo. Não tinha esperanças, nem sonhos, nem desejo de nada. Porém a oportunidade de comer estava sempre à mão, para ela; por algum motivo que ela não sabia explicar, sempre houvera bastante comida para ela, desde que nascera. Tanta mesmo que em certa ocasião ela chegou a pesar 107 quilos.
- Comer era a única coisa de que eu gostava na vida”
O Segundo Círculo do Poder, pág. 168
• “- Um feiticeiro é um tolteca quando recebeu os mistérios de espreitar e sonhar - disse ela, com displicência. - Nagual e Genaro receberam esses mistérios dos benfeitores deles e depois os conservaram em seus corpos. Nós estamos fazendo a mesma coisa, e devido a isso somos toltecas como o Nagual e Genaro.

"O Nagual ensinou a você e a mim a sermos igualmente desapaixonados. Eu sou mais desapaixonada do que você porque não tenho forma. Você ainda tem a sua forma e é vazio, de modo que fica preso em cada armadilha. Mas um dia você será completo de novo e então compreenderá que o Nagual tinha razão. Ele disse que o mundo dos homens sobe e desce e as pessoas sobem e descem com seu mundo: como feiticeiros, não temos nada de acompanhá-las em suas subidas e descidas.
" A arte dos feiticeiros é estar por fora de tudo e passar despercebido. E mais que tudo, a arte dos feiticeiros é nunca desperdiçar o seu poder. O Nagual me disse que o seu problema é que sempre fica preso em besteiras, como o que está fazendo agora. Tenho certeza de que vai perguntar a todos nós a respeito dos tolteca, mas não vai perguntar a nenhum de nós sobre a nossa atenção.
O riso dela era cristalino e contagioso. Confessei que ela tinha razão. Os pequenos problemas sempre me fascinaram. Também lhe disse que não compreendia o uso que ela fazia da palavra atenção.
- Já lhe disse o que o Nagual me ensinou sobre a atenção - disse ela. - Seguramos as imagens do mundo com a nossa atenção. Um feiticeiro homem é muito difícil de treinar porque a atenção dele está sempre fechada, focalizada sobre alguma coisa. A mulher, ao contrário, está sempre aberta porque a maior parte do tempo ela não focaliza sua atenção sobre nada. Especialmente durante a menstruação.”
O Segundo Círculo do Poder, pág. 180
• “A aprendizagem do ensonho não ofende, o máximo que você pode fazer é não acreditar que tal coisa é possível. Por outro lado, a espreita, da maneira como praticam os bruxos, é muito ofensiva para a razão. Muitos guerreiros evitam falar sobre isso, porque não têm estômago para agüentá-lo. Na fase inicial, o aprendiz fica no fogo cruzado e se sente frustrado, não consegue sair do seu ego.

"A espreita é como uma moeda, tem duas caras. Por um lado, é a coisa mais fácil que há, e por outro, é uma técnica muito difícil, não porque seja complexa, mas porque trata de aspectos sobre si mesmas que as pessoas normalmente não querem tratar.
"A espreita induz movimentos minúsculos, mas muito sólidos, do ponto de aglutinação; não é como o ensonho que o move profundamente; mas retrai como um elástico e volta imediatamente ao que você era. Quando espreita, você segue vendo tudo igual como sempre, por isso você tentará aplicar critérios cotidianos às coisas. Se em uma dada circunstância como esta, você é forçado a alguma mudança por seu instrutor, a coisa mais certa é que você ficará ofendido ou ferido em seu orgulho e se afastará do ensino".
Perguntei qual era, então, o modo como os bruxos transmitiam essa arte.
Respondeu que, tradicionalmente, é ensinado em estado de consciência acrescentada e é deixada para o fim.
"Isso não é algo que possa ser dito logo de cara. É necessário entendê-lo nas entrelinhas. Esta parte da aprendizagem pertence aos ensinamentos para o lado esquerdo. Leva muitos anos para ser lembrado em que consiste, e outros tantos mais para poder levá-lo à prática.
"No nível em que você está agora, a única coisa que lhe permite agüentar a espreita é abordar isto com métodos de ensonho. Se em algum momento você sente que estou tocando tópicos demasiado pessoais ou as suspeitas o tomam, olhe para suas mãos ou use qualquer outro convocador que você tenha escolhido. A atenção dos ensonhos ajudará a mover sua fixação".
Encontros com o Nagual, pág. 140
• "A espreita é a atividade central de um rastreador de energia. Embora possa ser aplicado com resultados surpreendentes a nosso tratamento com as pessoas, está desenhado principalmente para afinar o próprio praticante. Manipular e dominar os outros é uma tarefa árdua, mas é incomparavelmente mais difícil dominar a nós mesmos. Por isso a espreita é a técnica que distingue o nagual.

"A espreita pode ser definida como a habilidade de fixar o ponto de aglutinação em novas posições.
"O guerreiro que espreita é um caçador. Mas, ao contrário do caçador ordinário que tem a visão fixa em seus interesses materiais, o guerreiro persegue uma presa maior: sua importância pessoal. Isso o prepara para enfrentar o desafio de lidar com seus semelhantes - algo que o ensonho não pode resolver por si só. Os bruxos que não aprendem a espreitar se transformam em pessoas mal humoradas".
"Porque?"
"Porque eles não têm a paciência para tolerar as bobagens das pessoas.
"A espreita é natural para nós devido a uma característica.de nossa herança animal: para sobreviver, todos desenvolvemos hábitos de comportamento que moldam nossa energia e nos adaptam ao meio. Estudando essas rotinas, um observador atento pode predizer com precisão o comportamento de um animal ou um ser humano em um determinado momento.
"Os guerreiros sabem que toda forma de hábito é um vício. Pode amarrá-lo ao consumo de drogas ou ir para a igreja todos os domingos; a diferença é de forma, não de essência. Da mesma maneira, quando pensamos que o mundo é razoável ou que as coisas em que acreditamos é a única verdade, estamos sendo as vítimas de um hábito que oblitera nossos sentidos, fazendo com que só vejamos o que nos seja familiar.
"As rotinas são padrões de comportamento que seguimos de um modo mecânico, embora já não tenham sentido. Para espreitar é necessário sair do imperativo da sobrevivência.
"Devido ao fato de que ele é o dono de suas decisões, um guerreiro espreitador é uma pessoa que baniu da vida dele todo o vestígio de hábito. Só tem que recuperar sua integridade energética para ser livre. E como ele tem liberdade de escolher, pode envolver-se em formas calculadas de comportamento, seja para tratar com as pessoas ou com outras entidades conscientes.
Encontros com o Nagual, pág. 142
• "Não se complique. Você está tentando caricaturizar o ensinamento. Se você quiser espreitar, observe-se a si mesmo. Todos nós somos uns excelentes caçadores, a espreita é nosso dom natural. Quando a fome aperta, ficamos mais atentos; as crianças choram e alcançam o que querem; as mulheres enrodilham os homens e os homens se vingam entre si, enganando-se em seus negócios. Espreitar é conseguir seu objetivo.

"Se você se dá conta do mundo em que vive, entenderá que manter-se atento a ele, é um tipo de espreita. Considerando que nós aprendemos isso antes que a nossa capacidade de discriminação se desenvolvesse, o damos como um fato natural e quase nunca o questionamos. Porém, todas as nossas ações, até mesmo as mais altruístas, estão, no fundo, impregnadas do instinto do caçador.
"O homem comum não sabe que espreita porque seu caráter foi subjugado pela socialização. Está convencido de que sua existência é importante; dessa forma, suas ações estão a serviço de sua importância pessoal, não do aumento de sua consciência"-
Encontros com o Nagual, pág. 145
• “Não é possível viver estrategicamente o tempo todo - respondi. - Imagine que alguém o esteja esperando, com uma carabina possante, de mira telescópica; ele poderia avistá-lo com precisão a cem metros de distância. O que você faria?

Dom Juan olhou para mim com um ar de descrença e depois deu uma gargalhada.
- O que você faria? - insisti.
- Se alguém me estiver esperando com uma carabina de mira telescópica? - disse ele, evidentemente zombando de mim.
- Se alguém estiver escondido, à sua espreita. Você não terá uma chance. Não pode deter uma bala.
- Não. Não posso. Mas ainda não entendi o que você quer provar.
- Quero provar que toda a sua estratégia não o pode ajudar, numa situação dessas.
- Mas pode, sim. Se alguém estiver à minha espreita com uma carabina possante de mira
telescópica, eu simplesmente não vou aparecer.
Uma estranha realidade, pág. 171
• “As Atlantas são o nagual; são sonhadoras. Representam a ordem da segunda atenção transportada; é por isso que são tão ameaçadoras e misteriosas. São criaturas em conflito, mas não destroem. A outra fileira de colunas, as retangulares, representa a ordem da primeira atenção, a tonal. São espreitadoras, por isso são cobertas de inscrições. São muito pacíficas e sábias, o oposto da fileira da frente.”

O Presente da Águia, pág. 18
• “As espreitadoras eram as que recebiam o impacto do mundo diário; as gerentes de negócios, as que lidavam com as pessoas. Tudo que se relacionava ao mundo de assuntos comuns passava por elas. As espreitadoras eram praticantes da loucura controlado, assim como as sonhadoras eram praticantes do sonho. Em outras palavras, a loucura controlado é a base da espreita, e os sonhos são a base do sonhar. Dom Juan disse que, de um modo geral, a maior realização de um guerreiro na segunda atenção era sonhar, e na primeira atenção, espreitar”

O Presente da Águia, pág. 169
• “Explicou que a recapitulação é o ponto forte dos espreitadores, como o corpo sonhador é o ponto forte dos sonhadores. Consistia em recordar sua vida até os mínimos detalhes. Para isso seu benfeitor lhe tinha dado aquele engradado como um instrumento e um símbolo. Era um instrumento que lhe permitia aprender a Se concentrar, pois tinha de se sentar lá durante anos até que toda sua vida tivesse passado diante dos seus olhos. E era um símbolo dos estreitos limites da nossa pessoa. Seu benfeitor lhe disse que quando terminasse a recapitulação quebrasse o engradado para simbolizar que não mais mantinha as limitações da sua pessoa.

Ela disse que os espreitadores usam engradados ou caixões de
terra a fim de se trancarem dentro enquanto estão revivendo, mais que simplesmente rememorando, todos os momentos de suas vidas. Os espreitadores devem recapitular suas vidas completamente, porque a dádiva da Águia ao homem inclui a disposição de aceitar uma conscientização substituta, em vez de verdadeira, se tal substituição for uma réplica perfeita. Florinda explicou que como a consciência é o alimento da Águia, ela pode se satisfazer com uma recapitulação perfeita em lugar da consciência.
Florinda me deu então os fundamentos da recapitulação. Disse que o primeiro estágio é um breve relato de todos os incidentes da nossa vida, que se apresentam de uma maneira óbvia para exame.
O segundo estágio é uma recordação mais detalhada, que sistematicamente vai desde a época anterior ao espreitador ter se sentado dentro do engradado, e teoricamente se estende ao momento do nascimento.
Ela me assegurou que uma recapitulação perfeita pode mudar um guerreiro tanto, se não mais, quanto o controle total do corpo sonhador. Nesse particular, o sonho e a espreita têm a mesma finalidade, entrar na terceira atenção. É importante, entretanto, que o guerreiro saiba e pratique os dois. Disse que para a mulher há configurações diferentes do corpo luminoso para se aperfeiçoar em uma ou em outra. Os homens, ao contrário, podem realizar os dois com facilidade, mas ao mesmo tempo não podem nunca chegar ao grau de eficiência que as mulheres atingem em cada arte.”
O Presente da Águia, pág. 228
• “Teoricamente, os espreitadores têm de se lembrar de cada sentimento que tiveram na vida, e esse processo se inicia com uma respiração. Ela me avisou que o que estava me ensinando eram apenas

preliminares, que mais tarde, em condições diferentes, me ensinaria as complexidades do processo.
Florinda disse que seu benfeitor lhe orientou a escrever uma
1ista de acontecimentos a serem revividos. Falou que a técnica se iniciava com uma respirada inicial. Os espreitadores começam com o queixo sobre o ombro direito e lentamente inspiram à medida que viram a cabeça num ângulo de cento e oitenta graus. A respirada termina no ombro esquerdo. Uma vez terminada a inspiração, a cabeça volta a ficar relaxada. Eles expiram olhando para a frente.
O espreitador então pega o primeiro acontecimento da lista e se concentra, até que todos os sentimentos que nele se encerram tenham sido recontados. Enquanto se lembram dos sentimentos que tiveram durante o acontecimento recordado, inspiram lentamente, movendo a cabeça do ombro direito para o esquerdo. A função dessa respiração é restaurar energia. Florinda disse que o corpo luminoso está constantemente criando filamentos semelhantes a teias de aranha, que são projetados para fora da massa luminosa, impulsionados por qualquer tipo de emoções. Portanto, cada situação de interação ou cada situação que envolve sentimentos é potencialmente drenada para o corpo luminoso. Respirando da direita para a esquerda enquanto se lembram de um sentimento, os espreitadores, através da mágica da respiração, pegam os filamentos que foram deixados para trás. A próxima respirada imediata é da esquerda para a direita e é uma expiração. Com ela os espreitadores soltam os filamentos deixados neles por outros corpos luminosos envolvidos no acontecimento que está sendo recordado.
Ela declarou que essas eram as preliminares essenciais da espreita”
O Presente da Águia, pág. 229
• “Dom Juan disse então que, nas listas estratégicas dos guerreiros, a vaidade figura como atividade que consome a maior quantidade de energia, daí seu esforço para erradicá-la.

- Uma das primeiras preocupações dos guerreiros é libertar aquela energia para poder encarar o desconhecido com ela continuou Dom Juan. - A ação de recana1izar aquela energia é a impecabilidade.
Disse, ainda, que a estratégia mais eficaz foi elaborada pelos videntes da Conquista, mestres inquestionáveis da espreita. Consiste de seis elementos que interagem entre si. Cinco deles são chamados de atributos do guerreiro: controle, disciplina, paciência, oportunidade e vontade. Estes dizem respeito ao mundo do guerreiro que está lutando para perder a vaidade. O sexto elemento, talvez o mais importante de todos, pertence ao mundo exterior, e é chamado de pequeno tirano.
Olhou-me como se perguntasse silenciosamente se eu compreendera ou não.
- Estou realmente intrigado - disse eu. - Você está sempre dizendo que La Gorda é o pequeno tirano de minha vida.
O que é exatamente um pequeno tirano?
- Um pequeno tirano é um atormentador - explicou. - Alguém que ou mantém poder de vida e morte sobre guerreiros ou simplesmente os perturba, levando-os à distração.”
O Fogo Interior, pág. 27
• “Dom Juan parou de falar, e olhou-me fixamente. Houve um silêncio desajeitado; então começou a falar sobre a espreita. Disse que a espreita teve origens muito humildes e acidentais. Partiu da observação feita pelos novos videntes de que, quando os guerreiros se comportam por algum tempo de modo fora do habitual, as emanações não usadas no interior de seus casulos começam a brilhar. E seus pontos de aglutinação se deslocam de maneira suave, harmoniosa, muito pouco perceptível.

Estimulados por essa observação, os novos videntes começaram a praticar o controle sistemático do comportamento. Chamaram a essa prática arte da espreita. Dom Juan comentou que, embora discordasse do nome, ele era apropriado, porque a
espreita envolvia um tipo específico de comportamento diante das pessoas, um comportamento que poderia ser categorizado como sub-reptício.
Os novos videntes, armados com essa técnica, sondaram o conhecido de uma maneira sóbria é frutífera. Pela prática contínua, fizeram seus pontos de aglutinação se deslocar constantemente.
- A espreita é uma das duas maiores realizações dos novos videntes. Eles decidiram que deveria ser ensinada ao nagual dos dias modernos quando seu ponto de aglutinação já se tivesse deslocado bem profundamente para o lado esquerdo. O motivo desta decisão é que um nagual precisa aprender os princípios da espreita sem o incômodo do inventário humano. Afinal, o nagual é o líder de um grupo, e para liderá-lo deve agir rapidamente, sem ter que pensar primeiro.
"Outros guerreiros podem aprender a espreitar em sua consciência normal, embora seja aconselhável que o façam em consciência intensificada... não tanto por causa do valor da consciência intensificada, mas porque isto imbui a espreita de um mistério que ela na verdade não possui; espreitar é meramente um comportamento diante das pessoas."
Disse ainda que eu podia agora compreender que mudar o ponto de aglutinação era a razão pela qual os novos videntes atribuíam um valor tão alto à interação com os pequenos tiranos. Os pequenos tiranos forçavam os videntes a usar os princípios da espreita e, ao fazê-lo, ajudavam-nos a deslocar seus pontos de aglutinação. .
O Fogo Interior, pág. 163
• “Assim que as mulheres partiram, Dom Juan retomou abruptamente sua explicação. Disse que à medida que o tempo passava e os novos videntes estabeleciam suas práticas, perceberam que, sob as condições prevalecentes da vida, espreitar deslocava muito pouco os pontos de aglutinação. Para efeito máximo, a espreita necessitava de uma localização ideal; necessitava de pequenos tiranos em posições de grande autoridade e poder. Tomou-se cada vez mais difícil para os novos videntes se colocarem a si próprios em tais situações; a tarefa de improvisá-las ou procurá-las tomou

se uma carga insuportável.
Os novos videntes julgaram imperativo ver as emanações da Águia para encontrar uma maneira mais adequada de deslocar o ponto de aglutinação. Quando tentaram ver as emanações, foram confrontados com um problema sério. Descobriram que não há maneira de ver as emanações sem correr um risco mortal, e no entanto tinham de vi-las. Essa foi a época em que usaram a técnica
de sonhar dos antigos videntes como um escudo para proteger-se do golpe mortal das emanações da Águia. E, ao agir assim, perceberam que sonhar era na verdade o modo mais eficiente de deslocar o ponto de aglutinação.”
O Fogo Interior, pág. 166
• "Os novos videntes perceberam que em nosso estado normal de consciência temos incontáveis defesas que podem resguardar-nos contra a força de emanações inusuais, que subitamente se alinham durante o sonho."

Dom Juan explicou que sonhar, assim como espreitar, começava com uma simples observação. Os antigos videntes tiveram consciência de que nos sonhos o ponto de aglutinação se desloca ligeiramente para a esquerda; de maneira natural. Com efeito, o ponto de aglutinação relaxa quando o homem dorme, e todos os tipos de emanações inusuais começam a brilhar.
Os antigos videntes ficaram imediatamente intrigados com esta observação e começaram a trabalhar com esse deslocamento natural até se tomarem capazes de controlá-lo. Chamaram esse controle de sonhar, ou a arte de manejar o corpo sonhador.
O Fogo Interior, pág. 167
• “Você é um sonhador. Se não tiver cuidado com sua energia sexual, pode muito bem se acostumar à idéia de movimentos erráticos de seu ponto de aglutinação. Há um momento você estava espantado por suas reações. Bem, seu ponto de aglutinação move-se quase erraticamente, porque sua energia sexual não está equilibrada.

Fiz um comentário estúpido e inoportuno sobre a vida sexual dos machos adultos.
- Nossa energia sexual é o que governa sonhar - explicou. - O nagual Elias ensinou-me, e eu ensinei a você, que você ou faz amor com sua energia sexual ou sonha com ela. Não há outra maneira. A razão pela qual menciono tudo isto é porque você está encontrando grande dificuldade em mover seu ponto de aglutinação para aprender nosso último tópico: o abstrato.
"A mesma coisa aconteceu comigo. Só depois que minha energia sexual foi libertada do mundo é que tudo se encaixou no lugar. Esta é a regra para sonhadores. Os espreitadores são o oposto. Meu benfeitor era, você poderia dizer, um libertino sexual tanto como homem comum quanto como nagual.”
O Poder do Silêncio, pág. 53
• “Explicou a Don Juan que espreitar era uma arte aplicável a tudo, e que havia quatro passos para aprendê-la: implacabilidade, esperteza, paciência e doçura.

Senti-me compelido a interromper seu relato mais uma vez. - Mas a espreita não é ensinada em profunda consciência intensificada? - perguntei.
- É claro - replicou com um sorriso. - Mas você pode compreender que para alguns homens usar roupas de mulheres é a porta para a consciência intensificada. Com efeito, tais meios são mais efetivos que empurrar o ponto de aglutinação, mas são muito difíceis de arranjar.
Don Juan contou que seu benfeitor afiava-o diariamente nas quatro disposições da espreita e insistia que Don Juan compreendesse que implacabilidade não deveria ser rudeza, esperteza não deveria ser crueldade, paciência não deveria ser negligência e doçura não deveria ser tolice.”
O Poder do Silêncio, pág. 80
• “Numa voz muito baixa, Don Juan disse que por eu estar num estado de consciência intensificada, podia compreender mais de imediato o que ia contar-me acerca das duas mestrias: espreita e intento. Chamou-as a glória culminante dos feiticeiros antigos e novos, a própria coisa com a qual os feiticeiros estavam preocupados atualmente, preocupação semelhante à dos feiticeiros há milhares de anos. Assegurou que espreitar era o princípio, e que antes de tudo ser tentado no caminho do guerreiro, os guerreiros precisam aprender a espreitar em seguida devem aprender a intentar, e apenas então podiam mover seu ponto de aglutinação à vontade.”

O Poder do Silêncio, pág. 91
• “Na arte de espreitar - continuou Don Juan - há uma técnica que os feiticeiros usam muito: loucura controlada. Segundo eles, a loucura controlada é a única maneira que têm de

lidar consigo mesmos, em seu estado de consciência e percepção expandidas, e com todos e tudo no mundo dos afazeres diários.
Don Juan explicou a loucura controlada como a arte do engano controlado ou a arte de fingir estar profundamente imerso na ação - fingindo tão bem que ninguém pudesse distingui-lo da coisa real. A loucura controlada não é um engano direto, mas um modo sofisticado, artístico, de estar separado de tudo permanecendo ao mesmo tempo uma parte de tudo.
- A loucura controlada é uma arte - continuou Don Juan. - Uma arte que causa muitas preocupações, e muito difícil para se aprender. Muitos feiticeiros não suportam isso, não porque haja alguma coisa inerentemente errada com a arte, mas porque é preciso muita energia para exercê-la.
Don Juan admitiu que a praticava conscienciosamente, embora não gostasse particularmente de fazê-lo, talvez porque seu benfeitor fosse tão adepto a ela. Ou talvez fosse porque sua personalidade - que ele disse ser basicamente tortuosa e mesquinha - simplesmente não tinha agilidade necessária para praticar a loucura controlada.
Olhei para ele com surpresa. Parou de falar e fixou-me com seus olhos maliciosos.
- Na época em que chegamos à feitiçaria, nossa personalidade já está formada - disse, e encolheu os ombros em sinal de resignação -, e tudo que podemos fazer é praticar a loucura controlada e rir de nós mesmos.”
O Poder do Silêncio, pág. 233
• “Dom Juan mostrou seu espanto com o fato de, dentre todas as coisas maravilhosas que os feiticeiros antigos aprenderam explorando esses milhares de posicionamentos, somente a arte de sonhar e a arte de espreitar permanecem hoje em dia. Reiterou que a arte de sonhar tem a ver com o deslocamento do ponto de aglutinação. E então definiu a espreita como a arte que lida com a fixação do ponto de aglutinação em qualquer posicionamento para o qual ele foi deslocado.

- Fixar o ponto de aglutinação em qualquer novo posicionamento para o qual foi deslocado significa adquirir coesão falou. - Você esteve fazendo exatamente isso em seus exercícios de sonhar.
- Achei que estava aperfeiçoando minha atenção sonhadora - falei, um tanto surpreso com sua afirmação.
- Você está fazendo isso e muito mais; está aprendendo a ter coesão. Sonhar faz isso forçando os sonhadores a fixar o ponto de aglutinação. A atenção sonhadora, o corpo energético, a segunda atenção, o relacionamento com seres inorgânicos, o emissário do sonho, são apenas subprodutos do processo de adquirir coesão; em outras palavras, são todos subprodutos de fixar o ponto de aglutinação em várias posições do sonhar.
- O que é uma posição do sonhar, Dom Juan?
- Qualquer novo posicionamento para onde o ponto de aglutinação tenha se deslocado durante o sono.”
A Arte do Sonhar, pág.86
• "A arte de espreitar, como já disse, tem a ver com a fixação do ponto de aglutinação. Através da prática os feiticeiros antigos descobriram que ainda mais importante do que deslocar o ponto de aglutinação é fazer com que ele fique no novo posicionamento, onde quer que seja.

Explicou que, se o ponto de aglutinação não ficar estacionário, não há possibilidade de percebermos coerentemente. O que perceberíamos seria um caleidoscópio de imagens desassociadas. Por isso os feiticeiros antigos punham tanta ênfase no sonhar quanto na espreita. Uma arte não pode existir sem a outra, especialmente para o tipo de atividade em que eles estavam envolvidos.
- Quais eram essas atividades?
- Os feiticeiros antigos chamavam-nas de complexidades da segunda atenção e de grande aventura do desconhecido.
Dom Juan disse que essas atividades eram resultantes dos deslocamentos do ponto de aglutinação. Os feiticeiros antigos aprenderam não somente a deslocar seu ponto de aglutinação para milhares de posicionamentos na superfície ou no interior de sua massa energética, como também a fixar o ponto de aglutinação nessas posições, e assim manter indefinidamente a coesão.
- Qual é o benefício disso, Dom Juan?
- Não podemos falar sobre benefícios. Só podemos falar sobre resultados finais.
Explicou que a coesão dos feiticeiros antigos era tamanha a ponto de permitir que se tornasse perceptivo e fisicamente tudo que fosse ditado pelo posicionamento específico de seu ponto de aglutinação. Podiam transformar-se em qualquer coisa para a qual tivessem um inventário específico. Segundo ele um inventário era a relação de todos os detalhes de percepção envolvidos em tornar-se, por exemplo, jaguares, pássaros, insetos etc. etc.
A Arte do Sonhar, pág.94
• Explicou que, como tudo que é relacionado ao corpo energético depende do posicionamento adequado do ponto de aglutinação, e como o sonhar nada mais é do que um meio de deslocá-lo, espreitar - conseqüentemente - é o meio de fazer o ponto de aglutinação fixar-se na posição ideal; neste caso, a posição onde o corpo energético pode ser consolidado, e da qual ele finalmente emerge.

Dom Juan disse que, no momento em que o corpo energético consegue se movimentar sozinho, os feiticeiros presumem que foi encontrado o posicionamento ideal do ponto de aglutinação. O passo seguinte é espreitá-lo, isto é, fixá-lo naquela posição para completar o corpo energético. Observou que o procedimento é de uma simplicidade total. Basta intentar espreitá-lo.
Silêncio e olhares de expectativa seguiram-se a essa afirmação. Esperei que ele dissesse mais, e ele esperou que eu tivesse compreendido o que dissera. Não tinha.
- Deixe seu corpo energético intentar a chegada ao melhor posicionamento de sonhar - ele explicou. - Em seguida, deixe seu corpo energético intentar a permanência naquele posicionamento, e você estará espreitando.
A Arte do Sonhar, pág.181
• “- Vou propor uma linha de ação para você- falou num tom cortês, quando terminamos o almoço. - É a última tarefa do terceiro portão do sonhar, e consiste em espreitar os espreitadores; uma manobra misteriosíssima. Espreitar os espreitadores significa que você deliberadamente retira energia do mundo dos seres inorgânicos com o objetivo de realizar um ato de feitiçaria.

- Que tipo de ato de feitiçaria, Dom Juan?
- Uma viagem; uma viagem que usa a consciência como um elemento do ambiente. No mundo da vida cotidiana a água é um elemento do ambiente que usamos para viajar. Imagine a consciência como um elemento semelhante, que pode ser usado para viajar. Através da consciência batedores de todo o universo vêm até nós. E através da consciência os feiticeiros vão aos confins do universo.
Havia alguns conceitos, dentre a enorme quantidade de conceitos que Dom Juan me fizera conhecer no decorrer de seus ensinamentos, que não precisavam de insistência para atrair meu interesse total. Esse era um deles.
- A idéia de que a consciência é um elemento físico é uma coisa revolucionária - falei espantado.
- Não falei que ela é um elemento físico - ele me corrigiu. - É um elemento energético. Você precisa fazer essa distinção. Para os feiticeiros que vêem, a consciência é um brilho. Eles podem atrelar seu corpo energético àquele brilho e viajar com ele.
- Qual é a diferença entre um elemento físico e um elemento energético? - perguntei.
- A diferença é que os elementos físicos são parte de nosso sistema de interpretação, mas os elementos energéticos não. Os elementos energéticos, como a consciência, existem em nosso universo. Mas nós, como pessoas comuns, só percebemos os elementos físicos porque nos ensinaram isso. Os feiticeiros percebem os elementos energéticos pelo mesmo motivo: porque lhes ensinaram a fazê-lo.”
A Arte do Sonhar, pág.205
• Dom Juan me dizia o tempo todo que os feiticeiros estavam divididos em dois grupos: um grupo de sonhadores; o outro de espreitadores. Os sonhadores eram aqueles que tinham grande facilidade de deslocar o ponto de aglutinação. Os espreitadores eram aqueles que tinham grande facilidade em manter o ponto de aglutinação fixado naquela nova posição. Sonhadores e espreitadores complementavam uns aos outros, e trabalhavam em pares, afetando uns aos outros com suas inclinações inatas.

Dom Juan assegurou-me que o deslocamento e a fixação do ponto de aglutinação poderiam ser alcançados à vontade, por meio da disciplina férrea dos feiticeiros. Disse que os feiticeiros de sua linhagem acreditavam que havia pelo menos seiscentos pontos na esfera luminosa que nós somos, e que quando alcançados à vontade pelo ponto de aglutinação pode nos dar um mundo totalmente inclusivo; o que significa que, se o nosso ponto de aglutinação é deslocado para qualquer desses pontos e permanecer fixo nele, perceberemos um mundo como inclusivo e total, como o mundo da vida cotidiana, porém, mesmo assim, um mundo diferente.
O Lado Ativo do Infinito, pág. 223
• “Dom Juan dissera que a arte dos espreitadores entra em jogo depois que o ponto de aglutinação foi deslocado. Manter o ponto de aglutinação fixo na nova posição assegura aos feiticeiros a percepção do novo mundo que eles entraram em sua absoluta plenitude, exatamente como nós fazemos no mundo dos assuntos corriqueiros. Para os feiticeiros da linhagem de Dom Juan, o mundo da vida cotidiana não é mais do que uma camada de um mundo total consistindo em pelo menos seiscentas camadas.”

O Lado Ativo do Infinito, pág. 224
• “Nós podemos aprender a avaliar o mundo de um ponto de vista desapegado, da mesma maneira que nós aprendemos, quando crianças, a avaliá-lo a partir da razão. Só que o desapego, como ponto de enfoque da atenção, está muito mais próximo da realidade energética das coisas.

"Sem essa precaução, a convulsão emocional resultante do exercício de espreitar a nossa auto-importância pode ser tão dolorosa que o aprendiz pode ficar louco ou ser levado ao suicídio. Quando ele aprender a contemplar o mundo a partir da não compaixão, intuindo que por trás de toda a situação que implique um desgaste energético há um universo impessoal, o aprendiz deixa de ser um nó de sentimentos e se torna um ser fluido.
Encontros com o Nagual, pág. 39
• "Recapitular é espreitar nossas rotinas, submetendo-a a um escrutínio sistemático e impiedoso. É a atividade que nos permite visualizar nossa vida como totalidade e não como uma sucessão eventual de momentos. Porém, e ainda que isto possa parecer estranho, só os bruxos recapitulam como norma; o resto das pessoas apenas o faz por casualidade.

"A recapitulação é a herança dos antigos videntes, a prática básica, a essência da bruxaria. Sem ela não há nenhum caminho.”
Encontros com o Nagual, pág. 79
• “A recapitulação é uma forma especializada de espreita e vocês devem empreender isto com um alto sentido de estratégia. Trata-se de entender e pôr em ordem nossas existências, vendo-as tal e qual são, sem remorsos, repreensões ou felicitações, com desapego total e um ânimo leve, até de humor, porque nada em nossa história é mais importante que nada e todas as relações, afinal, são efêmeras.

"O importante é começar, porque a energia que nós recuperamos desde o primeiro intento nos dará forças para continuar recapitulando aspectos mais e mais intrincados de
nossas vidas. Primeiro, é necessário começar pelo investimento mais forte que são os sentimentos mais desgarrados. Depois seguimos por aquelas memórias tão profundas que nós já acreditávamos esquecidas, mas que estão ali.
Encontros com o Nagual, pág. 82
• “Carlos continuou dizendo que os bruxos antigos usavam plantas de poder para parar o diálogo interno. Mas os guerreiros atuais preferem condições menos arriscadas e mais controladas.

"Podemos obter os mesmos resultados produzidos pelas plantas quando nos colocamos contra a parede. Ao enfrentar situações limite, como o perigo, o medo, a saturação sensorial e a agressão, algo em nós reage e toma o controle. A mente se põe em alerta e suspende a tagarelice automaticamente. Colocar-se a si mesmo deliberadamente nessas situações se chama espreita.”
Encontros com o Nagual, pág. 95
• "Fui com meu dilema ver Don Juan. Ele riu do assunto e falou que um princípio dos espreitadores é não se confrontar com ninguém, e menos ainda com pessoas mais poderosas que eles.

Encontros com o Nagual, pág. 120
• "Talvez você não tenha tido boa sorte. Meu mestre dizia que cada ser humano traz sua tendência de nascença. Nem todos são bons ensonhadores; alguns têm maior facilidade para a espreita. A questão importante é que você insista".

Encontros com o Nagual, pág. 125
Apontando as pessoas que voltavam do trabalho, falou:

• "O que você acha que eles foram fazer? Essas pessoas foram viver seu último dia! A coisa triste é que, provavelmente, poucos deles sabem disto. Cada dia é único e o mundo não é só como nos falaram. Cancelar a força do hábito é uma decisão que se toma de uma vez. A partir desse ato, o guerreiro se torna um espreitador"-
Encontros com o Nagual, pág. 143
• "E não pode acontecer que o guerreiro acabe fazendo do seu propósito algo cotidiano?"

Não. Isto é algo que você tem que entender muito bem, pois do contrário sua busca por impecabilidade perderá seu frescor e você terminará traindo-a. Romper rotinas não é o propósito do caminho, mas apenas um meio. A meta é estar consciente. Tendo isso em consideração, outra definição da espreita é: 'uma atenção inflexível sobre um resultado total”
"Esse tipo de atenção sobre um animal dá como resultado um pedaço de carne.(???) Se o aplicarmos isto sobre outra pessoa, produz um cliente, um discípulo ou um enamoramento. E sobre um ser inorgânico, nos proporciona o que os bruxos chamam 'um aliado.' Mas só se aplicarmos a espreita em nós mesmos, pode ser considerada uma arte tolteca, porque então produz algo precioso: a consciência".
Encontros com o Nagual, pág. 144
• "O método do bruxo consiste em focalizar de uma maneira nova a realidade em que vivemos. Mais que acumular informação, o que se busca é recompactar a energia. Um guerreiro é alguém que aprendeu a espreitar-se a si mesmo e já não carrega uma pesada imagem para mostrar aos outros. Ninguém pode descobri-lo se ele não o desejar, porque não tem apegos. Está além do caçador, pois aprendeu a rir de si mesmo".

Contou como sua instrutora, dona Florinda Matus, o ensinou a passar despercebido.
"Exatamente no momento em que meus livros me transformaram em um homem rico, ela me enviou a fritar hambúrgueres em um restaurante de estrada! Durante anos trabalhei vendo meu dinheiro sem poder usá-lo. Disse que isso me ensinaria a não perder a perspectiva adequada. E aprendi minha lição!
Encontros com o Nagual, pág. 146 "



Nota: Este estudo foi feito pelo Grupo de Tensegridade de Sampa.
Incentiva-se cópias e distribuição por todos os meios existentes, papel, video, cinema, ondas em geral, boca-a-boca (?!), e outros a serem ainda descobertos