sexta-feira, 24 de abril de 2015

JULIO VERNE: RECORDAR É VIVER...

"As runas - continuou - eram caracteres de escrita empregados outrora na Islândia, que, de acordo com a tradição, foram inventados pelo próprio Odin! Olhe, admire, ímpio, esses tipos procedentes da imaginação de um deus! "

(Dr. Lidenbrock para Axel):


"öx.ö,l,ööh öhö,tntö ö,ör:rrlblö
h dThh'YP ntö.Y.Ylö'F!ö ITbööö
T! 1ö' I ötö t11öÞ YT öh ö Ibö ö1ö
öTn öö ö, . I, h Y,ö r ö
r r b ,öör I .r .r n T n r F ö,ö t,T n
bTö Iö r kh.öI Bk YtbIlI"



Texto vertido ao latim:

"messunkaSenrA.icefdoK.segnittamurtn:
erertserrette, rotaivsadua, ednecsedsadne
lacartniiiluJsiratracSarbmutabiledmek
meretarcsilucoYsleffenSnl"


Que, lido ao contrário, revela:

"In Sneffeis Yoculis craterem kem delibat
umbra Scartaris Julii intra calendas descende,
audas viator, et terrestre centrum attinges.
Kod feci.

Arne Saknussemm."


TRADUÇÃO:

"Desça à cratera de Yocul do
Sneffels, que a sombra do Scartaris vem
acariciar antes das calendas de julho,
viajante audacioso, e chegarás
ao centro da Terra. Foi o que fiz.

Arne Saknussemm."


Viagem ao centro da Terra é narrada por Axel, um jovem alemão, sobrinho de um ilustre geólogo da altura, o Dr. Otto Lidenbrock. Que realizaram uma grandiosa viagem às profundezas subterrâneas do nosso planeta.
No ano de 1863, pleno século XIX, o Dr. Lidenbrock, professor, geólogo alemão, depois de ter encontrado um manuscrito, escrito em código, de um antigo alquimista islandês do século XVI, e de o ter decifrado, descobriu que este foi ao centro da Terra. Querendo também realizar tal feito “impossível”, ele e o seu sobrinho Axel, partiram para a Islândia com o intuito de penetrar no interior da crosta terrestre e chegar ao centro da Terra, como vinha referido no misterioso manuscrito, a entrada para o interior da Terra era feita a partir de uma cratera de um vulcão na região ocidental da ilha da Islândia, o Sneffels. Depois de chegada à Islândia, o Dr. Lidenbrock contratou um caçador islandês, Hans, para servir de guia até ao vulcão e de ajudante na sua longa jornada no interior da Terra. Já abaixo da superfície terrestre, estes três homens desceram corredores e galerias, passando por vários obstáculos e peripécias, como por exemplo falta de água, andaram perdidos, Axel perdeu-se do grupo, entre outras... Até que chegaram a uma galeria de dimensões colossais que continha no seu interior um oceano, ilhas, nuvens, e até mesmo luz, gerada por um fenômeno eléctrico desconhecido. Para além destas características ainda possuía outra, mais chocante, existia vida naquele mundo paralelo ao mundo superficial, vida que na superfície era considerada já extinta há muitos milhares de anos, que ia desde dinossauros ao homem das cavernas. Tudo isto a milhares de metros de profundidade, os três exploradores tiveram de construir uma jangada para viajar naquele oceano que parecia não ter fim. Resistiram a uma tempestade de vários dias que os levou à margem oposta do oceano, onde encontraram a passagem para o centro da Terra, mas estava bloqueada por um desabamento de terras recente. Hans colocou pólvora em torno da passagem e explodiu com o obstáculo, mas essa explosão foi de tal ordem que fez com que a jangada onde os três estavam fosse puxada para uma chaminé de um vulcão, em consequência de uma erupção foram expelidos para a superfície terrestre. Quando estabeleceram contacto com os habitantes locais, descobriram que tinham saído no vulcão Stromboli, localizado a norte da Sicília. Ou seja, percorreram mais de 5000Km, nesse mundo paralelo.
Na década de 50 foi filmado com James Mason como protagonista.

Obtido em "http://pt.wikipedia.org/wiki/Voyage_au_centre_de_la_Terre"

COINCIDÊNCIA NÃO: SINCRONICIDADE!

A SINCRONICIDADE

Há muito tempo tenho vontade de escrever sobre esse assunto. Diz respeito àquelas coisas que acontecem em nossas vidas, sem que estejamos esperando, mas que vem exatamente a calhar e que não podem ser consideradas meras coincidências ou simplesmente "obras do destino". Acontece que, creio piamente nisso, estamos sempre emitindo ondas para a frente, que magneticamente atraem situações que se vislumbram como verdadeiras e providenciais soluções para problemas inesperados, alguns aparentemente insolúveis. É algo meio mágico, e muito relacionado com as frequencias entre as pessoas, que parecem sintonizar no mesmo canal, digamos assim, nas horas mais inusitadas. Tipo, você fura um pneu do seu carro numa estrada deserta e eis que surge um amigo seu na próxima curva e o reconhece, e, claro, o ajuda. É mais do que sorte -logo em seguida a um "azar":
É magia pura.

Sincronicidade é um conceito desenvolvido por Carl Gustav Jung para definir acontecimentos que se relacionam não por relação causal mas por relação de significado. A sincronicidade é também chamada por Jung de "coincidência significativa".

O termo Sincronicidade foi utilizado pela primeira vez em publicações científicas em 1929, porém C.G.Jung demorou ainda mais 21 anos para acabar o livro "SINCRONICIDADE: UM PRINCÍPIO DE CONEXÕES ACAUSAIS", onde expõe o conceito e propõe o início da discussão do assunto. Um de seus últimos livros e segundo ele o de elaboração mais demorada devido a complexidade do tema e da impossibilidade de reprodução dos eventos em ambiente controlado.

Basicamente, é a experiência de se ter dois (ou mais) eventos que coincidem de uma maneira que seja significativa para a pessoa (ou pessoas) que vivenciaram essa "coincidência significativa", onde esse significado sugere um padrão subjacente.

A sincronicidade difere da coincidência, pois não implica somente na aleatoriedade das circunstâncias, mas sim num padrão subjacente ou dinâmico que é expresso através de eventos ou relações significativos. Foi um princípio que Jung sentiu abrangido seus conceitos de Arquétipo e Inconsciente coletivo.

Acredita-se que a sincronicidade é reveladora e necessita de uma compreensão, essa compreensão poderia surgir espontaneamente, sem nenhum raciocínio lógico. A esse tipo de compreensão instantânea Jung dava o nome de "insight".

Jung afirmava que temos quatro funções básicas: razão, emoção, sensação e intuição. No nosso ser, geralmente uma delas é predominante. Mas quando trabalhamos internamente estas funções na direção do equilíbrio, uma nova função é acrescentada: a sincronicidade.


OUTROS EXEMPLOS:

Um exemplo bem conhecido de sincronicidade, é uma história real do escritor francês Émile Deschamps. Em 1805, Émile foi recebido com um pudim de ameixas pelo desconhecido Monsieur de Fontgibu.

Cerca de dez anos depois, ele encontrou pudim de ameixas no menu de um restaurante em Paris, e fez o pedido, mas o garçon lhe disse que o último pudim já fora servido à outro cliente, o qual seria M. de Fontgibu.

Alguns anos depois, em 1832, Émile Deschamps estava num jantar, e mais uma vez, foi oferecido pudim de ameixas à mesa. O escritor recordou do incidente anterior e contou à seus amigos que somente M. de Fontgibu faltava ao recinto para se fazer completa outra coincidência - e no mesmo instante, agora mais velho, M. de Fontgibu adentrou ao recinto.

Reproduzo, a propósito, um sintético e esclarecedor artigo:


"Atenção, Intenção, Intuição e Sincronicidade

Muitos de nós já devem ter percebido que, em certos momentos de nossas vidas, algum acontecimento ocorreu no local certo, no momento certo. Pode ter sido o encontro para o início de um grande relacionamento, a pessoa que o indicou para seu atual trabalho ou o livro que você ganhou de presente que o fez refletir sobre sua vida. Se refletirmos com um pouco mais de profundidade, nos conscientizaremos que absolutamente tudo que aconteceu em nossa vida e todas as escolhas que fizemos no passado são responsáveis pela nossa atual situação.

De acordo com psicanalista e psiquiatra Carl Gustav Jung, criador do termo sincronicidade, este acontecimento está presente em toda nossa vida, porém é preciso ter consciência sobre ela para que se manifeste a nosso favor, e assim, possamos fazer a melhor escolha.

Somos capazes de perceber a sincronicidade quando colocamos a nossa atenção em tudo o que fazemos. Através desta atenção, expandimos nossa percepção e entramos num estado de tranqüilidade, de paz interior e de receptividade. Manter um pensamento positivo e estar bem consigo mesmo são essenciais para perceber sincronicidades favoráveis ao nosso desenvolvimento.

A atenção é importante porque é através dela que podemos perceber como a sincronicidade está atuando em nós. É ela a responsável pela conexão com a Vida.

Já a intuição é nossa capacidade de perceber e sentir o que é certo para nós. É a voz do coração. É a sensação de que tal caminho é melhor que o outro em determinada situação.

Há diferentes níveis e qualidades de sincronicidades. Há sincronicidades das mais banais até aquelas que podem mudar completamente sua vida. Percebo que elas ocorrem a partir do estado interno e da intenção da pessoa. Quando temos uma intenção com relação à determinado assunto, é natural que nós também aumentemos nossa atenção para tal. Por exemplo, quando você tem a intenção de comprar determinado carro, pode ser que você comece a perceber carros idênticos ou semelhantes ao que você quer comprar à sua volta. Na verdade, eles já estavam lá. Apenas a sua atenção foi influenciada pela sua intenção de comprar o carro. Já o estado interno determina a qualidade das sincronicidades. Se você está desesperado ou agitado, sua atenção se volta para situações semelhantes e você tende a perceber sincronicidades com esta mesma qualidade.

Por isso, é importante primeiro voltar a atenção para si e perceber qual o estado interno que está presente em seu interior. E quando conseguir alcançar este estado de presença e serenidade, experimente olhar ao seu redor perceber as situações que estão acontecendo. Deste estado você saberá o que fazer. Isso em si, já é um processo de auto-conhecimento.

A atenção ajuda a desenvolver a intuição e com a prática deste estado interno você será capaz de perceber cada vez mais sincronicidades que poderão levá-lo adiante em sua vida. Um ótimo exemplo de sincronicidade é o próprio fato de você estar lendo este artigo agora. Pode ser que você não tenha tido consciência até agora de como chegou até aqui, mas com certeza a sua atenção, a sua energia da intenção de se desenvolver e a sua própria intuição fizeram com que neste momento você se encontre aqui.

Espero que você possa, a partir de hoje, prestar mais atenção em sua vida e nas coisas que acontecem ao seu redor, mantendo firme a intenção no seu crescimento e desenvolvimento pessoal como um todo."

Autor: Saulo Nagamori Fong

Instituto União

http://www.institutouniao.com.br

(Autorizado a reprodução em qualquer meio ou mídia desde que publicado na íntegra e com citação integral da fonte conforme o modelo acima.)

Finalmente, o seguinte artigo arremata magistralmente o assunto:

"QUEM FAZ O AZAR"

"De repente, começa a chover em sua horta. A vida se torna uma
inesperada e deliciosa cadeia de coincidências
felizes. Ou então, pelo contrário, uma incômoda seqüência de
azares: você bate o carro, tromba nos amigos,
se arrebenta no trabalho. Má vontade do destino? Dentro de uma
visão Junguiana de coincidência, há uma forma de viver que dá sorte. E outra que atrai os desastres..."-


Por Doucy Douek

Coincidência ou fenômeno?

A vida parece que está cheia de coincidências. Você está pensando numa pessoa e, de repente ela aparece. Está falando do vizinho e justo ele telefona. Ou então encontra, por um tremendo acaso aquela pessoa que daí para a frente vai ser fundamental estar em sua vida. Essas estranhas coincidências às vezes se revelam positivas e você considera-se num período de sorte. E às vezes parece que tudo anda contra, é uma desgraça atrás da outra - um tempo de azar. E tanto a sorte como o azar são logo atribuídos ao destino, amigo ou cruel, como se entre o seu estado
interior e os acontecimentos externos, bons ou maus, não pudesse haver nenhuma relação.
Ao estudar as coincidências, Jung chegou a conclusão de que elas não são tão casuais como parecem, e deu ao fenômeno o nome de sincronicidade. A principal característica da sincronicidade seria uma significativa relação entre uma vivência interior e um evento exterior: penso numa pessoa e ela telefona. Certa vez, uma paciente de Jung estava contando um sonho em que aparecia um escaravelho, justo naquele momento um escaravelho começou a esvoaçar contra a vidraça.
E daí para a frente começou a pesquisar em profundidade o fenômeno da coincidência - ou sincronicidade.

Entendendo a sincronicidade

Para ele existe a sincronicidade cada vez que um fenômeno acontece dentro de uma pessoa e fora dela ao mesmo tempo e sem nenhuma ligação lógica aparente. Na sincronicidade portanto, o interior e o exterior como que se combinam para formar um acontecimento. Aliás, essa intrigante troca de energias entre o mundo subjetivo e o mundo objetivo é confirmada pela física moderna, melhor dizendo pelas descobertas da física quântica. Hoje, os físicos sabem da interferência do observador na observação do fenômeno com o qual está trabalhando, até então no modelo mais antigo de ciência, acreditava-se em uma observação totalmente objetiva sem nenhuma interferência do observador. Sabe-se hoje que o tomar consciência de algo seria assim , um poderoso ato criativo no qual a realidade objetiva e a subjetiva se combinam para formar um evento. Dentro dessa visão, não seria de todo infundada a crença popular no mau olhado capaz de secar flores e afetar o crescimento das plantas.
O fato é que uma intensa energia parece existir entre nosso psiquismo e o mundo à nossa volta. Do ponto de vista fenomenológico, nenhum acontecimento pode ser isolado do contínuo de energia que abrange toda a realidade. Qualquer evento, em qualquer nível, em qualquer lugar, é influenciado e influencia o mais. O tempo inteiro você está vivendo energias ou dinamismo que de a1guma forma se exteriorizam e mobilizam outras. Estamos todos como que dentro do mesmo oceano energético e trocas de energia são intrínsecas à própria vida.
A experiência clínica nos mostra, por exemplo, que quem se encontra num processo de autodestruição sempre acha uma maneira de exteriorizar isso. Batendo o carro, por exemplo, criando uma doença. O próprio desequilíbrio energético entre duas pessoas termina se manifestando.

O QUE VOCÊ QUER. E O QUE PENSA QUE QUER.

À luz da teoria da sincronicidade, fica sempre muito relativo falar em mera coincidência, puro acaso. Correto seria dizer que de alguma maneira produzimos energias tanto para nossas melhores coincidências como para nossas piores ações. E aquilo que chamamos de sorte ou azar está mais ligado ao nosso estado interior do que a um destino caprichoso sem rosto.
A concepção Junguiana de sincronicidade é de que, mediante uma silenciosa e misteriosa troca de energias, nosso estado interior está ativamente ligado a objetos e acontecimentos à nossa volta. Mas é preciso entender bem o que Jung considera sincronicidade. Não se trata por exemplo, de relações de causa e efeito entre o mundo subjetivo e o objetivo. As relações de causa e efeito apenas produzem o que poderíamos chamar de fenômenos normais. Como quando alguém diz: eu estava falando da alta do dólar e de repente o preço dos importados tinha aumentado. Ora, num tempo de alta flutuação cambial, é perfeitamente lógico que um dos efeitos seja o aumento dos importados. Escrever para um amigo e receber a resposta é muito diferente de apenas acordar pensando muito nele e à tarde receber outra carta. A sincronicidade é sempre uma coincidência acausal. Ela é o encontro de duas cadeias paralelas de causa e efeito. O acontecimento exterior vem sempre reforçar, ilustrar. ampliar uma busca interna marcante. No caso da paciente de Jung, o escaravelho na janela veio reforçar o desejo que aquela mulher tinha de entender o significado lógico e racional da presença do inseto em seu sonho. Jung viu neste caso um fenômeno de sincronicidade - fato interior gerando um fato exterior. Tanto que abriu a janela, pegou o inseto e disse: eis o seu escaravelho. Ele era o símbolo vivo de que aquela mulher devia despertar para vivências de dimensões da realidade que estão fora da lógica, do tempo e do espaço. Longe de ser uma pura relação de causa e efeito, tipo aumento do dólar aumento dos importados, a sincronicidade significa uma vivência ilógica, muda, secreta, pessoal. Muitas vezes decisiva, mas difícil de ser percebida em sua totalidade no momento que acontece. Só de um outro ponto de vista pode ser integralmente compreendida, assimilada, contada. As vezes é preciso até viver muitos anos para, olhando o passado, dizer: como aquele fato, aquele dia foi importante, a vida inteira parece que só me preparei para ele.

Como aprender a ter sorte?

Preparar-se para sincronicidades felizes. Aprender a ter sorte. Será isso possível? Como mobilizar energia para que a grande rede da vida se teça a nosso favor, para que o mundo à nossa volta não se torne uma ameaçadora teia de azares? Aqui não há receitas. Mas eu diria que certa sincronicidade interna, certo "estar bem consigo mesmo" tende a produzir coincidências felizes. Pessoa sincrônica é aquela que tem suas necessidades internas alimentadas pela realidade exterior. Ela se conhece bem, sabe o que quer, caminha na direção do que precisa e assim cedo ou tarde, a vida se move a seu favor. Quem pelo contrário é infiel às suas verdades internas, finge em relação a si próprio, não sabe o que quer, se arrisca a entrar neste campo de energias contraditórias, negativas, a que costumamos chamar de azar. Veja só a figura do azarado: O sujeito que bate o carro, briga com a namorada, com o amigo, chega em casa encontra duas multas e um aviso do cartório de protestos. Tudo o leva a concluir: é, o mundo está contra mim. Ou a má fase não estará refletindo sua dissincronicidade, uma desarmonia interna, um não saber o que se quer. Ouvir bem seus desejos é fundamental para uma fiel relação de energias com a vida.
O que a gente de fato quer, nem sempre corresponde àquilo que a gente pensa que quer."

*Doucy Douek é Psicóloga clínica, há mais de 25 anos, com especialização em Psicoterapia pela PUC-SP. Facilitadora Certificada em Respiração Holotrópica pelo Grof Transpersonal Training. Pioneira na introdução desta abordagem no Brasil.

CONCLUSÃO: Você não morre tão cedo. Estava aqui, enquanto escrevo, justamente pensando em você. Acabei de postar a matéria....Risos.

O CICLO CÓSMICO

"O quadrado "SATOR"

Desde 1750 se realizam escavações em Pompéia. Numa delas, feita há mais de 60 anos(a), uma estranha inscrição datada, com certeza, da época destruição da cidade, no ano de 79 d.C., e que os arquitetos cristãos reproduziram profusamente mais tarde em diversos monumentos da Itália e da França - na igreja de Pievi Iersagui, perto de Cremona, no castelo de Carnac, sobre a baia de Quiberam (Morhiban, Bretanha, zona famosa por seus monumentos megalíticos, dólmens e menires estranhamente alinhados) e no templo de Saint-Laurent de Rochemaure. Da mesma forma, e além de outros lugares, a inscrição foi descoberta em ruínas romanas situadas em Cirencester (Inglaterra), 55 quilômetros a noroeste de Bristol, e em Doura Europos, antiga cidade síria sobre a margem direita do Eufrates, onde atualmente se eleva a localidade de Qalat es Salihiya, uns 440 quilômetros a Nor-nordeste de Damasco. Apelidada o "quadrado mágico" - ou, com mais propriedade, de quadrado SATOR - a inscrição se apresenta na seguinte forma:
S A T O R
A R E P O
T E N E T
O P E R A
R O T A S

Este palíndromo1 latino é, com toda segurança, uma inscrição paleocristã. De fato, as vinte e cinco letras que o formam permitem escrever -sem repetições- duas vezes a palavra PATERNOSTER, e duas vezes também as letras A e O, o alfa e o ômega - o Princípio e o Fim - que relata o Apocalipse do apóstolo João (IV.21.6)(b), tal como se pode comprovar a seguir:
P
A
A T O
E
P A T E R N O S T E R
O
S
O T A
E
R

O vocábulo SATOR, na tradução que melhor responde à mensagem do palíndromo, significa criador; AREPO carece de sentido em latim, porém devemos assinalar que é o inverso de OPERA; TENET, nas acepções que podem interessar, significa manter, ocupar, dirigir, governar; OPERA nos indica os sentidos de ato, trabalho, obra, ou processo; ROTAS pode ser roda, círculo, ciclo, ou também disco do Sol. Na nossa opinião - eliminando transitoriamente AREPO - o palíndromo deve ser interpretado assim: "O Criador governa os processos cíclicos"…, e o realiza com AREPO, ou seja, com trabalho, ato ou processo (OPERA) inverso do que executa com outro ou outros fins. Desta maneira, obtemos provisoriamente o seguinte resultado parcial: "O Criador governa os processos cíclicos com um trabalho inverso…" ("SATOR - AREPO - TENET - OPERA - ROTAS").
Porém todo palíndromo se caracteriza por ser lido igual de cima para baixo e ao contrário, ou da esquerda para a direita e reciprocamente. Em conseqüência, se o palíndromo SATOR se lê de cima para baixo e, de imediato, de baixo para cima, sempre à partir da esquerda, tal como se escreve e se lê em latim, encontramos a chave na mensagem do palíndromo, já que se é certo que SATOR - AREPO - TENET - OPERA - ROTAS significa "O Criador governa os processos cíclicos com um trabalho inverso", não é menos certo que "ROTAS - OPERA - TENET - AREPO - SATOR" expressa sem a mais leve dúvida que o Sol se ocupa dos trabalhos inversos do Criador.
Ambas as leituras são absoluta e necessariamente complementares para decifrar a mensagem colocada no palíndromo. Porém, às vezes, confirmam o desconhecimento -ainda existente nos tempos imediatamente anteriores e posteriores ao início da Era Cristã - dos descobrimentos de Aristarco de Samos (de 310-230 a.C.) referentes à rotação da Terra sobre seu eixo polar e em torno ao Sol (heliocentrismo), e os de Hiparco de Rodas (cerca de 150 a.C.), relacionados com o fenômeno astronômico da precessão dos equinócios, que constitui uma das resultantes dos diversos movimentos simultâneos e combinados que, pelos efeitos gravitacionais conjuntos do Sol, da Lua, e de outros corpos celestes, nosso planeta - e sua órbita - realizam em torno ao Sol. O desconhecido autor do palíndromo SATOR - aferrado ainda ao geocentrismo anterior a Aristarco de Samos, e desconhecendo, sem dúvida, os descobrimentos de Hiparco de Rodas, atribuiu diretamente ao Sol a função de executor dos "trabalhos inversos do Criador", ou seja, dos efeitos emergentes da precessão dos equinócios, os quais regulam "Nolens Volens" o ritmo e a duração dos ciclos cósmicos da humanidade.
De fato, para o Hemisfério Norte, o equinócio de primavera marca o ponto no qual a Terra, em seu movimento anual de translação ao redor do Sol, passa do semiplano eclíptico austral para seu homólogo boreal, ponto que é variável, pois anualmente se desloca em sentido retrógrado ao longo de sua órbita sobre a eclíptica. Esta retrogradação ou precessão é de 50,27 segundos de arco por ano trópico (365,242 dias solares médios), o que implica, de forma quase que exata, uma variação de 1º de arco em 72 anos, 30º em 2160 anos, e 360º na quantidade de 25.920 anos, lapso este último durante o qual uma hipotética projeção do ponto vernal (do latim, primavera) sobre a coroa de constelações zodiacais efetuaria uma volta completa, para regressar, aproximadamente, ao ponto de partida. Ademais, em tal ciclo precessional de 25.920 anos, as estrelas polares Norte e Sul se modificam várias vezes, sem que se repitam no lapso indicado. O período cíclico-cósmico que com maior freqüência aparece em quase todas as grandes tradições, não é o da precessão dos equinócios, mas sua metade. É o período que corresponde, notoriamente, àquele denominado grande ano pelos povos hiperbóreos,(c) caldeus, persas pré-islâmicos, gregos e atlantes, avaliado em 12.960 anos. Fontes de origem hindu e caldéia - entre outras - assinalam em 5 (cinco), ou seja, o mesmo número dos elementos do mundo sensível (éter, ar, fogo, água, terra), a quantidade de grandes anos, incluindo nosso atual ciclo cósmico, o que dá um total de 64.800 anos a contar desde o seu já longínquo começo, até que culmine em um crepúsculo final, para reiniciar-se um novo ciclo da cadeia de mundos. IIO Simbolismo do Rosário, ou do Colar de Pérolas2
O conjunto da manifestação universal comporta uma quantidade indefinida de ciclos, ou seja, de estados e graus de existência, cujo encadeamento é, na realidade, de ordem causal e não sucessiva, e as expressões utilizadas à respeito, por analogia com a ordem temporal, devem considerar-se como exclusivamente simbólicas. Cada mundo ou cada estado de existência pode ser representado por uma esfera atravessada diametralmente por um fio, que se constitui no eixo que une os dois pólos opostos de tal esfera. Observa-se, assim, que o eixo deste mundo não é senão um segmento do eixo da manifestação universal íntegra, e - desse modo - se estabelece como continuidade efetiva de todos os mundos incluídos na manifestação. A cadeia de mundos é representada geralmente em forma circular, pois se cada mundo é considerado como um ciclo e é simbolizado, como tal, por uma figura circular ou esférica, a manifestação íntegra, que é o conjunto de todos os mundos, aparece de certo modo, por sua vez, como um "ciclo de ciclos". Assim, a cadeia não só poderá ser percorrida de um modo contínuo desde sua origem até o seu fim, mas, também, poderá ser percorrida seguindo novamente o mesmo sentido, que corresponde - no desdobramento da manifestação - a outro nível, distinto daquele no qual se situa a simples passagem de um mundo a outro. Como esse percurso pode prolongar-se indefinidamente, a indefinição da própria manifestação estará, assim, representada de um modo mais sensível. No entanto, é essencial acrescentar que, se a cadeia, de certo modo, parece fechar-se, é para que não se suponha que um novo percurso dessa cadeia possa ser apenas uma espécie de repetição do percurso precedente (um "eterno retorno"). Isso é uma impossibilidade, por constituir algo claramente contrário à verdadeira noção tradicional dos ciclos, segundo a qual somente há correspondência e não identidade; ademais, tal suposição de "eterno retorno" implicaria confundir "eternidade" com "duração indefinida". As doutrinas dos ciclos cósmicos da humanidade sofreram, desde o século IV, um embate tão encarniçado quanto justo, cuja base se finca em um grande desconhecimento do Universo e da mecânica celeste, assim como em uma concepção linear do tempo histórico, que alguns autores contemporâneos rotularam de uma conquista fundamental do processo humano. As concepções cíclicas - diz René Guénon - "não se opõem de forma alguma à história, já que esta, pelo contrário, não pode ter realmente outro sentido senão o de expressar o desenvolvimento dos acontecimentos no transcurso do ciclo humano, ainda que os historiadores profanos não sejam, com segurança, absolutamente capazes de se dar conta disso".
O tempo cósmico não é linear, mas cíclico, e a humanidade não deve esquecer que também forma parte do cosmos. Mircea Eliade assim o diz, justamente quando o homem ocidental, em uma nostalgia de eternidade, evidencia sua ânsia por um paraíso concreto, e crê que esse paraíso é realizável aqui embaixo, na Terra, e agora, no instante presente, em uma espécie de eternidade experimental à qual pensa que ainda pode aspirar. Em quase todas as grandes tradições monoteístas o símbolo mais corrente da cadeia de mundos é o "rosário". O elemento essencial do símbolo é o fio que une as contas, pois não pode haver rosário se não existe primeiro esse fio no qual as contas vêm depois a ser enfiadas "como as contas de um colar". É necessário, no entanto, chamar a atenção sobre isso, dado que, do ponto de vista externo, se vêem mais as contas que o fio, o que é muito significativo, já que as contas representam a manifestação sensível, enquanto o fio simboliza o Espírito puro universal, identificado com Deus, em todos seus Nomes. O número de contas do rosário varia segundo as tradições, e pode, inclusive, modificar-se em função de certas aplicações especiais. Mas, pelo menos nas formas orientais, é sempre um número cíclico, por sua relação com a divisão geométrica do círculo e com o período astronômico da precessão dos equinócios. Assim, particularmente na Índia e no Tibet, esse número é comumente o 108. Na realidade, os estados que constituem a manifestação são de uma vastidão indefinida, mas é evidente que esta vastidão não poderia ser adequadamente representada por um símbolo de ordem sensível como aquele que aqui está sendo tratado, e é forçoso, então, que as contas tenham um número definido. Sendo assim, um número cíclico convém naturalmente para uma figura circular como a considerada, que representa por si mesma um ciclo, ou - melhor dizendo - um "ciclo de ciclos".
Na tradição islâmica, o número de contas do rosário é de 99, número também cíclico por seu fator 9. E o rosário se divide em três séries de 33 contas, cada uma das quais representa um mundo. A esfera faltante para completar a centena equivale a reduzir a multiplicidade à unidade, já que 99 é igual a 100 menos 1. A conta ausente só se encontra no Paraíso. Por seu lado, na tradição cristã, o rosário, cuja origem se atribui a São Domingos de Gusmão (de 1.170 a 1.221), possui 50 contas separadas de dez em dez por outra de maior tamanho, e seus extremos se unem em uma cruz. Totaliza assim 54 contas (a metade do rosário oriental de 108 contas), número cíclico submúltiplo de 12.960."

FONTE: http://www.hermanubis.com.br/Artigos/BR/ARBRACICLOSC%D3SMICOSDAHUMANIDADE.htm