sábado, 19 de janeiro de 2008

O ESPÍRITO E A CIÊNCIA

Diz você, com ironia e orgulho, que não tem tempo a perder com o que oficialmente náo existe; e o Espírito oficialmente não existe, porque, como acentua, a Ciência ainda não o descobriu.
A Ciência o descobrirá. Na verdade, já está tentando descobri-lo, mas ainda não o conseguiu, simplesmente porque ele existe numa dimensão que o hodierno instrumental científico ainda não alcança.
Você sabe melhor do que muitos outros quanto esforço e quanto tempo tem custado a evolução da Ciência. Entretanto, na sua pressa de homem moderno e positivo, parece esquecer que quase todas as grandes maravilhas do conhecimento científico, que você tanto decanta, são desconcertantemente recentes.
Há apenas dois séculos atrás:

Desconhecia-se a existência...
do hidrogênio,
dos elétrons,
dos nêutrons,
do méson,
das Leis da hereditariedade,
dos raios X,
dos raios infravermelhos e ultravioleta,
dos cromossomos,
das ondas eletromagnéticas em geral,
das ondas curtas,
das ondas cerebrais,
da radioatividade,
dos vírus,
das vitaminas,
dos isótopos.
Não haviam sido inventados...
o avião,
o refrigerador,
o rádio,
a televisão,
o helicóptero,
o cinema,
o automóvel,
o radar,
o computador;
e nem a geometria não-euclidiana,
a geometria descritiva,
a litografia,
o motor elétrico,
as máquinas de escrever e de calcular,
a fotografia,
a análise espectral,
o microfone,
o linotipo,
o escafandro.
Não haviam nascido...
a química orgânica,
a química sintética,
a termoeletricidade,
a embriologia experimental.
Ignorava-se...
o reflexo condicionado,
as propriedades bactericidas da luz
e o efeito fotoelétrico.
E...
não estava formulada a teoria dos quanta,
não se usava a cirurgia asséptica,
não se sabia como gravar imagem e som.
Agora, que tudo isso foi conseguido, a Ciência terrestre sabe que sabe pouco, quase nada, acerca do que é realmente substancial, do que está na base, na raiz, na essência de todas as coisas. Infatigável — honra lhe seja feita — ela se lança inteira à cata do mistério, tentando desvendá-lo. Tem esbarrado, porém, em seus tentames mais válidos, numa grande, imensa e cada vez mais gritante necessidade de ir além da grande fronteira, para ver não o reverso, mas sim o anverso de tudo o que existe, a outra dimensão, a outra face, o outro aspecto do universo, que não está longe nem perto, porque simplesmente a tudo integra e complementa, não se podendo dizer que está em alguma coisa, porque é, isto sim, parte integrante da própria coisa.
Mas não pense, caro amigo, que estejamos a insinuar qualquer modificação no rumo ou nos métodos da pesquisa científica, ou a reclamar esforços especiais para diferentes conquistas tecnológicas. Tudo avança no ritmo natural da evolução, e tudo, afinal, se enquadra no sábio planejamento divino. Já temos dito — e voltamos a afirmar — que, apesar dos homens e do que eles pensam e fazem, a Vida tem o seu Governo Maior; e esse Governo sabe quando permitir aos seus tutelados a conquista de poderes mais amplos, que não podem ser confiados a menores de espírito, que os usariam para o mal.
Apesar disso, não há esforços que não dêem frutos. As lucubrações e as pesquisas que se fazem no campo da antimatéria levarão a Ciência cada vez mais perto das chaves do grande enigma. A Física Quântica acabará por ajudar o pensamento humano a descobrir, com o auxílio...
da Física Nuclear,
do Cálculo Infinitesimal,
da Astronomia
e da Astronáutica, que a unidade fundamental do Universo se desdobra na diversidade de planos e dimensões que se interpenetram e se completam.
O homem terrestre já foi à Lua, examinou-a “in loco” e nela não percebeu senão aquilo que os seus sentidos materiais estão aptos a captar e as suas máquinas podem pesar e medir. Já fotografou Marte e Vênus, e se lança a investigar, por meio de engenhosas sondas, a excelsa grandeza de Júpiter, de Saturno e de Urano. Também neles, provavelmente nada encontrará que o deslumbre, nem verá civilizações que se assemelhem à sua. No entanto, em que pese a visão desértica que oferecem aos olhos humanos, a vida palpita, sublime, nessas plagas siderais de portentosa beleza.
Aos poucos, porém, o caminho vai se abrindo à mais elevada compreensão humana, ao preço de trabalho, perseverança e tempo. Conquistas preparatórias e significativas vão aplainando as dificuldades e prelibando vitórias maiores.
Cientistas da Universidade de Loughborough já não lograram transmitir hologramas, sem usar o laser, por processo mais avançado que o do físico Leslie Dudley?
E o soviético Ignaty Fedchuk também não conseguiu transmitir imagens tridimensionais, a cores e em preto e branco, usando um sistema especial de lentes e telas metálicas?
Não obstante, certas constatações exigem constância e tempo. A existência do monopolo, que é um tipo de partículas magnéticas de apenas um pólo, duzentas vezes mais pesado que o próton e com a metade da velocidade da luz, foi anunciada por Durac quarenta anos antes de ser afinal identificada a marca de um deles, em experiência realizada nos céus de Iowa, EUA, em setembro de 1973, num globo suspenso a mais de quarenta mil metros de altura. E o monopolo, como reconheceu, em Berkeley, o físico Paul Price, é apenas o primeiro membro do que ele chamou de “uma possível família de partículas magnéticas menores do que o átomo”.
Também a partícula batizada com o nome de “quark”, que alguns pesquisadores supõem ser “o último e indivisível componente da matéria”, não foi isolada por físicos da Universidade de Stanford, em 1977, quatorze anos depois de publicadas as teses que a anunciavam, propostas independentemente por Murray Gell-Mann e George Zweig, do Instituto de Tecnologia da Califórnia?
Note, meu caro amigo, que longo e acidentado caminho percorreu, no tempo, a teoria atômica, desde que os gregos antigos a formularam!
Primeiro, supunha-se que somente elétrons, negativos e leves, moviam-se em torno de núcleos protônicos, positivos e pesados.
Depois, foi preciso reconhecer a existência de nêutrons.
Mais tarde. teve-se de aceitar a realidade de crescente número de “partículas elementares”,
para, afinal, chegar-se à conclusão de que os fenômenos atômicos não se comportavam segundo os princípios da mecânica clássica, e sim de uma outra, a mecânica quântica, a qual, todavia, contrariava velhos postulados da até então inatacável lógica humana.
Daí em diante, a complexidade apenas aumentou, com o advento de conhecimentos novos. A designação simples
de “partículas elementares” teve de considerar que existem, entre elas, os leptons e os hadrons;
que os leptons compreendem elétrons, mucos e neutrinos,
e que entre as dezenas de hadrons estão as grandes famílias dos mésons, com massas centenas de vezes superiores à dos elétrons, e dos bárions, dos quais os prótons e os nêutrons, também chamados de núcleons, são os membros mais proeminentes e formam quase toda a massa do átomo.
Viu-se, mais tarde, que faltava saber mais, porque os hadrons agiam, em certos fenômenos, como se possuíssem centros internos de força e de massa, sugerindo, desse modo, ser compostos por outras partículas menores do que eles. Foi então que surgiu a teoria dos "quarks”, difícil de ser comprovada, porque o homem desejou, sem o conseguir, “quebrar” um hadron, mas, para isso, precisaria poder usar uma energia um milhão de vezes maior do que a necessária para a fissão do átomo.
Como você observa, a Ciência humana luta valentemente para compreender e dominar a matéria densa e a energia ponderável, mas ainda não dispõe de conhecimentos, nem de recursos, para penetrar com êxito nos soberanos domínios do Espírito.

Fonte: http://www.guia.heu.nom.br/em_busca_do_espirito.htm#anti-matéria

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